quarta-feira, setembro 10, 2008

Intervalo (O que pode a literatura?)

Numa noite na qual dormi mais cedo, acordei literalmente no meio dela com a seguinte pergunta: é possível entender ou tentar compreender uma sociedade por meio de sua literatura (ou o que se reconhece como tal), se esta a princípio fosse ilusão de falsidade? - ou seria ilusão de realidade tal como antigamente.

*"Essa ilusão de falsidade é a própria literatura" RENZI

"Na transcendência estética reflete-se o desencantamento do mundo" ADORNO

E se a literatura fosse apenas uma memória falsa de experiências artificiais pois está inserida na sociedade de controle.

*citado em "Formas breves" (pag. 25 cap. "Notas sobre Macedônio")

segunda-feira, setembro 08, 2008

Romance III



Tinham um vazio em comum, mas todos tinham uma espécie de vazio naquela cidade imensa. Isso não os fazia especiais, as personagens não eram especiais, nem melhores nem piores do que ninguém. Então o que os faria personagens de ficção? A história secreta? Assim não tinha condições de continuar. Não havia cena, nem eventos e a narrativa se tornava uma meta-narrativa, ninguém se interessaria por aquela história.


Foi aí que eu decidi começar:


A cidade de São Paulo não tinha nada de especial, nem o charme de Buenos Aires, Nova Iorque ou San Tiago, tampouco a melancolia de Pirajuí numa tarde vazia, pensou Ullysses, mas não quis falar. Podia ser a capital do cassino financeiro, não dava a miníma pra cidade. Sentia-se estúpido bem no meio da enunciação, pois não sabia o que fazer ao lado de Merina, continuou calado. O filme ia começar, era a primeira vez que estavam juntos e estavam a sós. Merina achava que a amiga voltaria logo e ela não assistiria o filme com aquele cara, um estranho até então.

Estranho não porque era esquisito ou enfiava o dedo no nariz, não, talvez enfiasse mas não era o caso. Estranho porque era muito mais velho que ela, Merina tinha 17 e Ullysses 58, além disso tinham sido apresentados a minutos atrás, mal sabiam se se conheceriam. Resolveu quebrar o gelo e conversou com Ullysses sobre cinema, aspirinas e urubus.

Merina sempre linda, aquela noite de jeans e camiseta branca e tênis surrado, seus olhos refletiam os créditos, os caracteres, as personagens. A sorte de ambos é que o filme era ruim. Conversaram, sussurraram e beberam histórias de existir nesse mundo, eventos tristes, uns nem tanto, outros um tanto alegres. Ah, Ulysses até que era bonitinho pra idade, não é, tinha 58 mas parecia 49..
Merina achava que éramos todos criaturas da poeira cósmica, formados de vazios também, todos iguais em essência, criaturas do vento. Ullysses admirava seus cachinhos e não entendia o que ela contava. No fim, Lola apareceu, já era manhã e os dias não eram mais os mesmos.

Depois daquela noite queria revê-la, conversar mais, sentir seus olhos nos dele. Queria se aproximar mais de Merina, tornar-se algo do qual Merina sentisse falta, um amigo, mas não sabia como; se sentia ridículo e abandonado ao silêncio, não tinha idade pra se aproximar de uma garota tão nova, se sentia uma espécie de pedófilo, um molestador ou algo que o valha. Merina não tinha as mesmas nóias, gostava da presença de Ullysses e só. Sentia-se admirada por aquele velho, mas não chegava a cogitar nada além disso. Até ela começar a ler esta história.

Não havia nada a decifrar até aqui, nem alusões, nem subentendidos, e Ullysses começou a gostar de Merina, sem saber o porquê, sem nem mesmo saber que gostava.

Certo dia, Babí convida Ullysses para um sarau. Babí tal como Ulysses e Merina estava dividida entre a metafísica e o materialismo, no seu caso, tentava entender o mundo por meio ora da astrologia, ora psicanálise - gostava apaixonadamente de ambas. Inventou o Sarau pra gente se reunir em sua casa, comer, beber e discutir vida e literatura. Droga - - o que pode a literatura? trocaram e mails, blogs e Merina propôs que escrevessem um conto com o mesmo mote, acho que era algo sobre o alcool no Afeganistão ou cigarro na China. Tinha mais gente no sarau mas as trocas simbólicas ocorreram no metrô, enquanto Lola agarrava Cacá que também estava no sarau. Merina maravilhosa usava uma saia muito verde e uma blusinha floridinha, Ullysses não lembro o que ele usava, mas relia Rayeulla e pensava em la Maga. A literatura pode alguma coisa?

quarta-feira, setembro 03, 2008

Romance II ?


Ando perturbado e durmo mal, às vezes sem dormir e pensei em trocar o título para Diário de um romance (ou diário de um conto - como Cortázar). Parte da questão são os episódios que fervilham em minha mente, na hora do almoço, na biblioteca, durante as aulas, o tempo todo. Ulysses também não conseguia dormir, lia muito Arguedas em suas noites insones e dormia nas aulas. Merina estava muito anciosa em relação a seu futuro.
Achava que os dois tinham muita coisa em comum, assim como careciam de muita, também. Mas não era assim que eu queria continuar a história. Não dormia porque não sabia como terminá-la ou como continuá-la. Engraçada palavra história, polissêmica, quero dizer, tanto pode ser fato quanto ficção, isto é, pode se referir aos fatos ou ao relato deles - enfim uma discussão para ficções teóricas.
Por falar em fatos, eles tinham tudo em comum, por exemplos, preocupavam-se com a fome e o desperdício de alimentos, gostavam de contar e encantar histórias, inquietavam-se com o problema da não demarcação contínua das terras da reserva Raposa do Sol, gostavam de Chico e Bandeira, perturbavam-se com o enxofre no disel, a qualidade da gasolina, o número de carro nas ruas, o transporte público e o crescimento da indústria automobilística no país, também queriam uma educação de qualidade e para todos.
Tinham dúvidas iguais à respeito de muita coisa, por exemplo a equação: mais igualdade equivale a menos liberdade e mais liberdade a mais propriedade, por tanto, mais propriedade equivaleira a menos igualdade? Isso para eles não era muito claro, parecia um falso axioma, não era dialético, era lógica e os dois não gostavam de lógica.

Do que faltava em comum era um outro capítulo, a saber, eles não tinham mãe. Ela sofria uma ausência desde sempre, Margarete era um relato, um não ser sendo. Merina sofria e às vezes escrevia sobre. Ulysses teve Margarida mas não soube amá-la, doía. Ele queria cuidar de Merina como mãe, ela tinha um carinho maternal por Ulysses. Era carinho de mãe, sem restricões, não se sabia, eu não sabia mas era forte, autêntico. Achava que se eu soubesse recontar a história dos dois sozinhos eles ficariam juntos, como que de certa forma eu tivesse poder sobre minhas personagens, sobre a realidade, como o louco que tinha uma maquete de Buenos Aires e jurava controlar os acontecimentos da cidade.
O esdrúxulo do cidadão me fez lembrar que literatura também era esdrúxula, ou como preferem os latinos, estrambótica (parece muito mais latino, o adjetivo). Por que, fique claro, ninguém nessa história iria se suicidar como Arguedas, nem morrer, a não ser de morte natural. No entanto, a própria literatura não questionava o egoísmo do gesto do peruano. Para mim, tanto quanto para Merina e Ulysses isso também era estranho e os fazia desconfiar também da literatura e dos especialistas.

segunda-feira, setembro 01, 2008

Romance?


Fracasso ou fetiche, estava entre estas duas palavras quando comecei o texto que deveria se chamar obssessão, mas aí iria parecer livro espírita, além de não ter nada a ver com o sentimento da personagem. Aliás por falar nela, as personagens na minha cabeça eram: Merina e Ullysses o par romântico (se é que possam ser considerados como par), Margarida e Margarete, e locais, a saber, cinema, sarau na casa de Babi e metrô.
A história era muito simples, mais um romance, duas pessoas se encontram e se gostam? (talvez o problema era que nenhuma delas sabia que se gostavam- aí estava a história secreta). Nesta história poderia me confessar de vez para ela (de maneira oblíqua é claro)
Fracasso ou fetiche, pensava entre essas duas palavras. Se escrevesse sobre uma experiência e fizesse sentido, faria dinheiro com isso, iria ter tempo pra pensar mais e escrever mais e assim por diante.. Pensei em Merina e Ulysses, mas o problema de começar a história, trocar os nomes dos protagonistas e inventar situações daria muito trabalho. Joguei o projeto fora (se é que se pode chamar todo aquele torvelhinho de idéias de projeto), joguei por realmente não gos tar de trabalho.
No entanto, se eu tivesse tempo a coisa sairia assim, um dia à noite, numa sessão de cinema bem bacana esse dois fulanos se encontraram. A garota se chamava Merina e o cara Ulysses. Desde então, Ulysses sentiu vontade de escrever, talvez queria impressioná-la. Aliás quase tudo que ele fazia a partir daquele dia tinha de uma forma ou de outra que ver com ela, desde então, digo, desde o dia que eles se conheceram. Mas acho que as pessoas já ouviram algo parecido com isso antes, então pra que continuar? Talvez Ullysses devesse procurar uma ajuda priofissional, talvez devesse escrever para se curar, uma espécie de terapia. Bom, acho que Ullysses sabia que essas coisas não funcionavam e se lembrava de Arguedas.
Pior que as dificuldades do protagonista só mesmo as do narrador, a saber (adoro essa frase),baixo estima em alta e baixo estima em relação minha maneira de se comunicar, não tinha geito, ou não levava jeito e meu português também sofria de baixo estima (sempre alta). Mas e se Merina gostasse de sinceridade? Bom só sei que na literatura, segundo meus professores, não havia sinceridade, ou pelo menos isso não era pressuposto.

quarta-feira, agosto 20, 2008

quinta-feira, agosto 14, 2008

Valentina, valeu!


Tecnicamente, as pessoas são sempre mais velhas do que elas aparentam ou dizem ser, ou seja, uma média de nove meses mais velhas. Isso tudo descobri hoje graças à Dani, Ken e, principalmente a Valentina. Seja bem vinda e aproveite a viagem. Ela tem 2.9 kg. e de acordo com Biathan "she's gorgeous".(provavelmente tenha cara de joelhinho)

quarta-feira, agosto 13, 2008

Modesto


Às vezes, no ônibus pode-se pescoçar algo daquilo que os outros lêem, fácil juntar a palavra tristeza com amor num livro surrado, a menina mulata lê um livro azul e surrado, a dos olhos rasgadinhos lê umas cópias pra faculdade que não parecem muito interessante, as argentinas no banco de trás não liam, mas conversavam bastante, me lembrei da voz de Cristina mas não do seu sotaque porque afinal ela é mexicana. Eu leio um livro nda moda, Máquina de Pin Ball, fluído, cheio de razões ou falta delas, por vezes autêntico, se é que existe isso em ficção- ou o que quer que ele seja.
Nesses dias secos, a única coisa boa é a noite porque dá pra ver as estrelas, em São Paulo isso faz uma grande diferença. Estou pensando em sair hoje, curtir a noite, mais do mesmo, enfim...

quarta-feira, agosto 06, 2008

Programação (será o fim?)


Ingredientes
Açúcar, farinha de trigo, cenoura, chocolate, óleo vegetal, ovos, fermento em pó. Sapos amarelos vorazes lutam contra coelhos verdes enraivecidos. Nos arredores de Nirma-Ku, tudo parecia tranquuilo, agora, esta espécie de guerra neo-racista na busca pelo controle da cidade e depois do país. Os especialistas na televisão argumentam não haver nem diferenças ou algum tipo de exclusão. O fim do mundo a partir de hoje é uma mera questão matemática. (Essa fisssura narrativa foi encontrada pelas portas e paredes dos banheiros da faculdade de história)

Estudos Latino-americanos


"poderá a reflexão sobre as limitações políticas atuais (da teoria literária apenas?) dar lugar à reflexão sobre as possibilidades políticas?"

MOREIRAS

segunda-feira, agosto 04, 2008

Narrador cadáver


"Sempre nos damos conta das coisas quando não há mais remédio"


BOLAÑO

quinta-feira, julho 31, 2008

Ubiquidade ( Para Roberto Bolaño)

"...existem coisas que não podem ser contadas..."

Os cigarros que fumei a noite passada me fazem pensar. Lembro-me de que Luciana sempre esteve lá. Não, não é coincidência não. Estva desde sempre no sorriso de Adriana, na boca de Alice, nos carinhos de Fabiana, nas pernas de Valéria, no olhar de Marina, nas conversas com Silvia.

Os cigarros que fumei a noite passada lembram-me que coincidência não pode ser. E que tudo pode ser imaginação. Luciana pode ser um fruto de meu delírio, como um livro de Bolaño que parece ser autobiográfico, no entanto, pode ser lido como ficção ou delírio.

Os cigarros que fumei ontem a noite me fazem pensar que Luciana não fuma. Aliás, quase ninguém de sua família fuma. Me fazem lembrar da cor branca de sua pele impoluta, tão branca como a cor alva de suas calcinhas. Na fumaça ainda via aquele jeito de andar pelada, meio infantil.

Os cigarros que fumei me fazem acreditar que na noite passada encontrei Luciana. Ela estava tão bem. Era ela mesma, bela com um ar despreocupado e alegre, talvez por causa de seu pai haver saído do hospital.

Hoje nas calçadas encontro rostos familiares em pessoas estranhas. A manhã de inverno me faz melancólico. Você passa por mim como uma musa de Corso ou de Baudelaire, como uma pequena frase de seu autor favorito você me atravessa. Luciana tão breve e leve como quinze, vinte, trinta e dois anos, um suspiro breve na vastidão do tempo. Acendo um cigarro e me lembro de que os Mapuches não gostam de ser fotografados.

quarta-feira, julho 23, 2008

Saudades


Miss ya a bunch

terça-feira, julho 22, 2008

MIRABISMO: Amostra na Cinemateca

MIRABISMO: Amostra na Cinemateca

http://www.cinemateca.com.br/

Amostra na Cinemateca

http://www.cinemateca.com.br/

A COMÉDIA DO PODER
22 de julho a 07 de agosto de 2008
Ditadores em crise, políticos trapaceiros, patrões temperamentais, empregados megalomaníacos, intelectuais oportunistas, impérios desgovernados e os bastidores da negociata e da propina estão em cartaz na mostra A COMÉDIA DO PODER, destaque da programação da Cinemateca Brasileira entre os dias 22 de julho e 07 de agosto.
A tradução dada pelos distribuidores a L’Ivresse du pouvoir (2006), filme do veterano cineasta francês Claude Chabrol, serve de mote para o ciclo. A COMÉDIA DO PODER exibe, em cópias 35mm, dois clássicos da comédia política como O Grande Ditador (1940) – primeiro filme sonoro de Chaplin – e Diabo a quatro (1933), de Leo McCarey – clássico da filmografia dos irmãos Marx. Na programação, constam ainda dois títulos fundamentais para a formação do cinema moderno como A regra do jogo (1939), de Jean Renoir, influência decisiva para a geração da nouvelle vague, e Cidadão Kane (1941), de Orson Welles, filme que, segundo François Truffaut, “resume todos e antecipa todos os outros”. Além de Kane, a mostra apresenta Macbeth (1948), também na versão dirigida por Welles, uma sombria adaptação para a peça de Shakespeare, e O poder vai dançar (1999), de Tim Robbins, filme que retrata o início da carreira do cineasta, então um jovem diretor de teatro às voltas com a censura.
O cinema brasileiro marca presença com filmes representativos de sua história: Caça à raposa (1913), de Antonio Campos, raro documentário do período silencioso; Nem Sansão nem Dalila (1954), de Carlos Manga, uma das mais célebres chanchadas da Atlântida na qual Oscarito imita, numa das seqüências, os trejeitos do ditador Getúlio Vargas; À meia noite levarei sua alma (1964), de José Mojica Marins, gênese da trilogia de Zé do Caixão, um dos personagens mais marcantes da história do cinema brasileiro; O bravo guerreiro (1969), de Gustavo Dahl, exemplar típico do Cinema Novo do pós-64; Os Inconfidentes (1972), de Joaquim Pedro de Andrade, produção originalmente realizada para a TV italiana e Sermões: a história de Antonio Vieira (1989), de Júlio Bressane, que recria de forma nada tradicional a trajetória do pregador português assassinado na Capitania Hereditária de Salvador em 1697.
Do cinema brasileiro, a mostra A COMÉDIA DO PODER reúne ainda obras malditas como Cuidado madame (1970), de Júlio Bressane, uma produção da Belair Filmes, companhia fundada por Bressane e Rogério Sganzerla em 1970, responsável por alguns dos mais importantes filmes do cinema experimental brasileiro (uma rara cópia 16mm foi cedida pela Cinemateca do MAM no Rio de Janeiro) e Patty, a mulher proibida (1979), de Luiz Gonzaga dos Santos, uma produção da Boca do Lixo, com roteiro do escritor Marcos Rey.
Completando a programação, vale destacar, além da coletânea de curtas formada por Maranhão 66 (1966), de Glauber Rocha, Bla bla bla (1968), de Andrea Tonacci e Yellow Caesar (1941), de Alberto Cavalcanti, a exibição do musical Sr. Puntilla e seu criado Matti (1955), também de Cavalcanti, uma adaptação da peça homônima de Bertolt Brecht, com roteiro co-escrito pelo dramaturgo, e de Hitler, um filme da Alemanha (1977), de Hans-Jürgen Syberberg, cineasta inclassificável, autor de obras marginais dentro da geração do Novo Cinema Alemão.

Visite o site para programação

http://www.cinemateca.com.br/

sexta-feira, julho 18, 2008

(Agradecer) Para Ana Oshiro



Como agradecer a única pessoa que lê as coisas que escrevo? No entanto, se você estivesse falando da dica no you tube com entrevistas do Cortazar, alguns dias antes de você me mandar aquela mensagem, fuçando no you tube eu as assisti de trás pra frente. Por essa e por outras postei coincidência. Mas se Cortázar estivesse vivo ele teria outra explicação pra isso tudo.







Ah, o livro que acabei de ler ilustra meus agradecimentos, quando vier pra Sampa ou quando o Fabio vier eu empresto pra vocês.

Tudo que é sólido desmancha no ar (Marshal Berman)

Foucault reserva seu mais selvagem desrespeito às pessoas que imaginem ser possível a liberdade para a moderna humanidade. Nós pensamos que sentimos um espontâneo impulso de desejo sexual. Estamos apenas sendo movidos pelas "modernas tecnologias do poder que tomam a vida como seu objeto", dirigidos " pelo poder que dispõe da sexualidade em seu controle sobre corpos e sua materialidade, suas forças, suas energias, suas sensações e prazeres".
Este excerto está na introdução do livro "Tudo que é sólido se desmancha no ar" mas pode ser apropriação de má fé (bricolagem?) por isso leiam o livro e assistam o filme e me contem.

Dá mais vontade de ler Foucault (A história da sexualidade)
Aliás citada ontem na exposição do professor Natali intitulada "Grafoterapia"
http://www.abordo.com.br/sat/res01_lara.htm

quinta-feira, julho 17, 2008

Citizen Kane II (I mean a Brazilian version)

People might think he is the devil but I think he was... at least the devil's father, though, Ali Kamel is the devil itself.

sexta-feira, julho 11, 2008

Everything is fucked up


If there's nothing to talk about it or others might say nothing new under the sun (everything has been said) and even criticizing sth is in jeopardy (or has been according to Adorno or Horkheimer) what a hell is left?






KANE I (the first)

Coincidência


s. f., simultaneidade de dois acontecimentos;
concordância;
justaposição;
identificação de duas ou mais coisas;
acaso.











http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://i10.photobucket.com/albums/a150/tuesdayweld/blowup1.jpg&imgrefurl=http://multiplot.wordpress.com/2008/06/13/blow-up-depois-daquele-beijo-michelangelo-antonioni-1966/&h=442&w=369&sz=23&hl=pt-BR&start=1&tbnid=-xtUnF6M7wsfAM:&tbnh=127&tbnw=106&prev=/images%3Fq%3Dblow%2Bup%26gbv%3D2%26hl%3Dpt-BR%26sa%3DG

quarta-feira, julho 09, 2008

The plan (BUilt to spill)

The plan keeps coming up again
The plan means nothing stays the same
But the plan won't accomplish anything
If it's not implemented
Like it's always been
And it makes me think of everyone
And the cause of this is evident
But the remedy cannot be found
Cause it's so well hidden
This history lesson doesn't make any sense
In any less than ten thousand year increments
Of common sense

terça-feira, julho 08, 2008

Taking People (BY Cat Power)


Who, who never showed you,
About the easy way,
Whose robes did they trade you,
For such an easy life

Who, who never showed you,
About the easy way,
Who, who never told you,
About the perfect life,
Guess it's some kind of,
Some guarantee,
You'll never see.

If I was a photographer,
Picture taking,
Beautiful people,
I guess I'd make a mistake,
'Cause I'd probably take a,
Picture of you.

Who, who never showed you,
About the easy way.

And whose robes did they trade you,
For such a perfect life,
That's such a guarantee.

It leaves some certain sickness,
You'll never know,
Inside of me

That's all I have.

segunda-feira, julho 07, 2008

É o fim ?


"Fim do mundo do fim"

"Como os escribas continuarão, os poucos leitores que no mundo havia vão mudar de profissão e adotar também a de escriba. Cada vez mais os países serão compostos por escribas e por fábricas de papel e de tinta, os escribas de dia e as máquinas de noite para imprimir o trabalho dos escribas. Primeiro, as bibliotecas transbordarão para fora das casas; então, as prefeituras resolvem (já estamos vendo tudo) sacrificar as áreas de recreação infantil para ampliar as bibliotecas. Depois sucumbem os teatros, as maternidades, os matadouros, as cantinas, os hospitais. Os pobres aproveitam os livros com tijolos, grudam-nos com cimento e constroem paredes de livros e moram em casebres de livros. Então acontece que os livros transbordam das cidades e entram nos campos, vão esmagando os trigais e os campos de girassóis, o Ministério da Viação mal consegue que os caminhos fiquem desimpedidos entre duas paredes altíssimas de livros. Às vezes uma parede cede e há espantosas catástrofes automobilísticas. Os escribas trabalham sem trégua porque a humanidade respeita as vocações e os impressos já chegam à beira do mar. O presidente da república telefona para os presidentes das repúblicas e propõe inteligentemente jogar no mar o excedente de livros, o que se faz ao mesmo tempo em todas as costas do mundo. Assim os escribas siberianos vêem seus impressos jogados no oceano glacial e os escribas indonésios, etc. Isso permite aos escribas aumentarem sua produção, porque volta a haver espaço na terra para armazenar livros. Não pensam que o mar tem fundo, e que no fundo do mar começam a amontoar-se os impressos, primeiro em forma de pasta aglutinante, depois em forma de pasta consolidante, e finalmente como um chão resistente embora viscoso, que sobe diariamente alguns metros e acabará por chegar à superfície. Então, muitas águas invadem muitas terras, produz-se uma nova distribuição de continentes e oceanos, e presidentes de diversas repúblicas são substituídos por lagos e penínsulas, presidentes de outras repúblicas vêem abrir-se imensos territórios a suas ambições, etc. A água do mar, tão violentamente obrigada a espalhar-se, evapora-se mais do que antes, ou procura repouso misturando-se aos impressos para formar a pasta aglutinante, a tal ponto que um dia os capitães-de-longo-curso percebem que seus navios avançam lentamente, de trinta nós descem para vinte, para quinze, e os motores arquejam e as hélices se deformam. Afinal, todos os navios param em diferentes pontos dos mares, encalhados na pasta, e os escribas do mundo inteiro escrevem milhares de impressos explicando o fenômeno, cheios de uma grande alegria. Os presidentes e os capitães resolvem transformar os navios em ilhas e cassinos, o público vai a pé, por cima dos mares de papelão, para as ilhas e os cassinos onde orquestras de música típica argentina e de música local amenizam o ambiente refrigerado e se dança até altas horas da madrugada. Novos impressos se amontoam à beira do mar, mas é impossível metê-los na pasta, e assim crescem muralhas de impressos e nascem montanhas à beira dos antigos mares. Os escribas percebem que as fábricas de papel e de tinta vão falir e escrevem com uma letra cada vez menor, aproveitando até os cantos mais imperceptíveis de cada papel. Quando a tinta acaba, escrevem a lápis, etc.; ao acabar o papel, escrevem em tábuas e ladrilhos, etc. Começa a difundir-se o hábito de intercalar um texto em outro para aproveitar as entrelinhas, ou se apagam com lâminas de barbear as letras impressas, para utilizar novamente o papel. Os escribas trabalham devagar, mas são em tal quantidade que os impressos já estabelecem uma nítida separação entre as terras e os leitos dos antigos mares. Na terra vive precariamente a raça dos escribas, condenada a extinguir-se, e no mar estão as ilhas e os cassinos, isto é, os transatlânticos onde se refugiaram os presidentes das repúblicas, e onde se celebram grandes festas e se trocam mensagens de ilha a ilha, de presidente a presidente, e de capitão a capitão".


Cortázar (Histórias de Cronópios e de Famas)



terça-feira, julho 01, 2008

Pablo And Andrea ( yo la tengo)


show me where you keep all your secrets upstairs
night after night you sleep while they're setting off flares

someone came and took all the roses away
now you'll sit showing me tears if you want me to stay
cause down the street all the meters have run out of time
run out of time

I waited for you as the trees swayed out of time
in a crowded room I pick up your lonely stare
I'll cover for you like a slipcover covers a chair
but someone came and took all the roses away
it was only 5 minutes, it felt like it stretched into a day
someone came and took all the roses away

took all the roses away
took all the roses away

quarta-feira, maio 28, 2008

assim mesmo (mesmo assim)

Íris acorda, sente que uma noite de sono nunca foi suficiente. Não consegue levantar e desligar o relógio, buzina, buzina, buzina,estica o braço, aperta o botão. Ensaia levantar, mas deita. Na segunda tentativa coloca o pé no chão, mas chão não há. Tenta entender o que acontece, tudo continua em volta, as coisas em seus lugares, o relógio, os livros, as roupas, em cima da estante, as paredes em seus lugares, a porta aberta por um visitante que virá depois de amanhã ou que veio ontem.



Deitou, respirou profundamente, seguindo as técnicas de relaxamento, tentou puxar no fio da memória o que ocorrera até ali. Lembra-se que na manhã anterior tudo ia muito bem, a não ser pelo sono, até que ao sair do apartamento apertando o botão do elevador gelou de medo, e se o elevador que vinha do décimo primeiro andar bem na hora dela entrar nele rompesse o cabo e ela morresse de maneira estupefata. Decidiu depois de alguns segundos que o mais sensato seria descer pelas escadas.



Inverno na rua. Chuviscando folhas, gostoso caminhar, instântaneos rompem no vai e vem da rotina. Um menino que vende suco na calçada, a mulher que lucrou mais porque vendia café com leite quentinho. Inferno era o lixo e água empoçados na guia, fedia. Tomou o primeiro ônibus, sorte. O azar, as janelas estão fechadas, como as de seu quarto, o bafo, aquele cheiro de não sei quê amargo. Passou a catraca, olhou, buscou assento vago, tinha um ao lado duma mulher, nenhum na janela. Conformou-se em acostumar-se com o fedor, todo mundo se acostuma.



Cochilou, pensou na amiga, achava que a culpa era dela por não ver mais a amiga da amiga de quem Íris gostava. Sonhou também com o padrasto que a tentou surpreender no quarto, entrou sem bater. Reparou num velho japonês, de uma tranquilidade infinita que deveria ter a idade de seu pai se ele não houvesse morrido. Chegou no trabalho, cumprimentou seus colegas, trabalhou, almoçou, trabalhou. Fim de tarde, pensou em pegar um cineminha. O onibus naquele horário era uma lata de gente em conserva. O pior eram os caras que gostam de se esfregar na gente.
Volta pra casa depois de 103 minutos de Short cuts. Evasão, a sós, a não ser pelo rapaz que encosta em seu catovelo algumas vezes e duas pessoas de comentários ignóbeis. Bom poder assistir filme sem precisar comentar no final, sem ter necessidade de falar gostei ou não. Fechou os olhos, tenta rememorar algumas cenas, um diálogo, o silêncio. Na saída ouve sobre o filme algo de gente que se acha.




Volta pra casa cansada do ônibus, rotina, salário. Tem receio em pegar o elevador mas entra mesmo assim.
No apartamento, papai e mamãe estão no quarto. Lembro-me da bíblia na mesa, da luz que passava pela fresta da porta do quarto dos dois. Ouvi berros lá dentro. Hoje não tomo banho, durmo suja assim mesmo. Tranquei a porta. Deitei. Noite mal dormida, ruído e rumor, angustia. Tinha um louva deus gigante que entrava no quarto, pulava nas minhas costas, não consegui me mexer, real agonia, fecho bem os olhos e o bicho se transforma em um enorme par de asas, dói, choro, por que não posso voar?




Perdeu a referência
Íris acorda, sente que uma noite de sono nunca foi suficiente. Não consegue levantar e desligar o relógio, buzina, buzina, buzina,estica o braço, aperta o botão. Ensaia levantar, mas deita. Na segunda tentativa coloca o pé no chão, mas chão não há. Tenta entender o que acontece, tudo continua em volta, as coisas em seus lugares, o relógio, os livros, as roupas, em cima da estante, as paredes em seus lugares, a porta aberta por um visitante que virá depois de amanhã ou que veio ontem.


Deitou, respirou profundamente, seguindo as técnicas de relaxamento. Lembra-se que na manhã anterior tudo ia muito bem, a não ser pelo sono, até que ao sair do apartamento, apertando o botão do elevador gelou de medo, e se o elevador que vinha do décimo primeiro andar bem na hora dela entrar nele rompesse o cabo e ela morresse de maneira estupefata. Decidiu depois de alguns segundos que o mais sensato seria descer pelas escadas.


Inverno na rua. Chuviscando folhas, instântaneos rompem no vai e vem da rotina. Um menino que vende suco na calçada, a mulher que lucrou mais porque vendia café com leite quentinho. Inferno era o lixo e água empoçados na guia, fedia. Tomou o primeiro ônibus, sorte. O azar, as janelas estão fechadas, como as de seu quarto, o bafo, aquele cheiro de não sei quê amargo. Passou a catraca, olhou, buscou acento vago, tinha um ao lado duma mulher, nenhum na janela. Conformou-se em acostumar-se com o fedor, todo mundo se acostuma.


Cochilou, pensou na amiga. Sonhou também com o padrasto que a tentou surpreender no quarto, entrou sem bater. Reparou num velho japonês, de uma tranquilidade infinita que deveria ter a idade de seu pai se ele não houvesse morrido. Chegou no trabalho, cumprimentou seus colegas, trabalhou, almoçou, trabalhou. Fim de tarde, pensou em pegar um cineminha. O onibus naquele horário era uma lata de gente em conserva. O pior eram os caras que gostam de se esfregar na gente.
Volta pra casa depois de 103 minutos de Short cuts. Evasão, a sós, embora haja um rapaz que encosta em seu catovelo algumas vezes e comentários ignóbeis. Bom poder assistir filme sem precisar comentar no final, sem ter necessidade de falar gostei ou não. Fechou os olhos, ela gosta de filmes que não a faziam comprar algo.

Volta pra casa cansada do ônibus, rotina, salário. Tem receio em pegar o elevador mas entra mesmo assim. No apartamento, papai e mamãe estão no quarto. Lembro-me da bíblia na mesa, da luz que passava pela fresta da porta do quarto dos dois. Ouvi berros lá dentro. Hoje não tomo banho, durmo suja assim mesmo. Tranquei a porta. Deitei. Noite mal dormida, ruído e rumor, angustia. Tinha um louva deus gigante que entrava no quarto, pulava nas minhas costas, não consegui me mexer, real agonia, fecho bem os olhos e o bicho se transforma em um enorme par de asas, dói, choro, por que não posso voar?

Perdeu a referência

Andorinha

"Andorinha lá fora está dizendo:
— "Passei o dia à toa, à toa!"


Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa . . ."

BANDEIRA

segunda-feira, maio 12, 2008

Para preencher as lacunas


Imaginar uma mulher traída. Esta seria a primeira tarefa, depois, viriam os detalhes, uma mulher que apostou tudo, sonhos, viagens, uma nova vida, mas havia sido traída. De homens patéticos se faz história. Mariana tinha quarenta anos quando conheceu João. Ele sonhava com uma sociedade mais justa, ela queria ser feliz ao lado dele numa sociedade mais justa. Ele se encantou com outras, outras pernas, e o mundo não era mais necessariamente um lugar para os justos.

"las cosas la están mirando

y ella no puede mirarlas"

quinta-feira, maio 08, 2008

alguma coisa

desmaiada em pensamentos
tromba com pedras
as pedras sabem esperar

desmaiada em pensamentos
encontra poesia nas coisas
objetos transformam-se em algo não captado antes
como as pedras
pedras que não podem preceder pressupostos

quarta-feira, maio 07, 2008

devaneio


Desmaiada em pensamentos, vozes flutuam ao seu redor, a luz dá prazer quente, presente, lembra-se, conserva o tempo das desavenças com o irmão do meio, querelas pueris, o balanço é sempre positivo mas há algo que se perdeu no pretérito, sonhos de ser ou sentir, fantásticas viagens, o impossível na palma da mão. Hoje, sente-se fora do lugar, em busca de tempo, dinheiro e matéria pra construir. Da natureza interna ficou o nada.

segunda-feira, maio 05, 2008

Yo la tengo (today is the day)

i followed you ..foolishly
you were at a smoky bar, you were out til three
sat alone inside my car, it was nearly four
we were gonna wait for you all night
so i locked the door

i was gonna spend the night, coulda been okay
we were gonna talk all night, till i went away
remember how you used to say, can't stay up late
a minute later we're older now, i can't stay awake
i'm driving by your parent's farm, in the Chevrolet
i remember that rusty car, like it was yesterday

saw my brother driving by, the other day
i wished that i'd go out to him, but he drove away
saw my sister standing there, standing in rain
then i thought about nothing, that it feels the same

another day, come and gone
don't think i can ever sing that song
little secrets we bring along
i'm taking my time, trailing behind, i thought of you
today is the day i think of you

domingo, maio 04, 2008

Se não houvesse fim (Zig-zag)


"E quando a mentira começar a dar-nos prazer, falemos a verdade para lhe mentirmos."


Queria lhe mandar uma mensagem no celular: atrás de cada gesto sempre se esconde uma paixão; queria voltar à sua cama nesses dias frios, sentir o seu cheiro e sexo, mas não havia sequer verbalizado seu querer, conjecturas, via nela uma mulher que mexia com seu todo e que o tratava ora como um gato, ora um cachorro.

Queria ler o que ela estivesse lendo junto na cama, um conto ou um poema, discutir somente o silêncio enquanto sentia sua cintura com uma de suas mãos enquanto a outra sentisse seu pescoço, ombros, costas, enquanto ela se sentisse desejada.

Queria falar-lhe o quanto seus amigos eram dispensáveis, o quanto ele era egoísta, o quanto ela estava exuberante a última vez que se encontraram naquela festa estúpida - que poderiam ter evitado, a sós, ouvindo as histórias dela, da infância, da avó, dele, dos cavalos, do sítio, bebendo suas histórias.

Queria beijar sua boca, sua boca sempre mais vermelha, mais redonda e sempre entreaberta pedindo pra ser mordida. Mas suas palavras, como seus gestos, eram sempre equivocados. Era um patético e sabia que seu jeito a ameaçava.

No fim, um dia, ela lhe disse sobre a importância das pessoas estarem bem sozinhas, disse que diferenças de idade e de opinião não contribuem para um bom relacionamento, disse também não estar pronta pra uma relação mais íntima.

domingo, abril 27, 2008

os melhores momentos da faculdade


Reificação e fetichismo (passeio pelos blogs)

Se fomos todos objetificados, estamos todos mortos. Assim como todos objetos transformaram-se em sujeitos, o que nos resta a fazer?

http://professorvirtual.blogspot.com/2004/09/fetichismo-e-reificao-na-escola-de.html

Aprendi novas palavras mas não tornei outras mais belas
Ah! sei, só nos resta a marginalidade, viva!

http://creodg.blogspot.com/

sábado, abril 26, 2008

Iluminuras de São Paulo


No negro chão sujo, um resto de homem se contorce. Está mijado, com frio, encolhido e geme. O resto de homem no negro chão sujo é negro. A noite é negra como a garrafa ao lado daquele farrapo. No terminal de ônibus, é o único que está parado, deitado. Transeuntes vêm, olham, passam, alguns dão risada, outros olham com repugnância. Uma mulher recolhe o lixo com pá e vassoura em punho. Indiferente a cena, aproxima-se daquele maltrapilho e quase toca seu nariz, com a vassoura, para que não haja mais sujeira no chão. Agora só há um esfarrapado no chão que continua negro mas agora está limpo. Escolho palavras, não para julgar, mas para absorver essa imagem que agora me pertence.

quarta-feira, abril 23, 2008

Máximas ou axiomas?


"O leitor é um texto" BARTHES


Na verdade, não há leitor nem texto o que existe são "comunidades interpretativas." O NOME DO DITO CUJO QUE CHEGOU A ESSA CONCLUSÃO ESQUECI


terça-feira, abril 22, 2008

I'm sorry that I love you

CARACOLA

a NATALITA JIMÉNEZ

"Me han traído una caracola.

Dentro le canta
un mar de mapa.
Mi corazón
sellena de agua
con pececillos
de sombra y plata.

Me han traído una caracola".

GARCÍA LORCA

sexta-feira, abril 18, 2008

Isto não é uma poesia


PASSEIO NO METRÔ


nos olhos da criança

encerra-se emoção inesgotável


a garota cor de rosa no metrô

sofre uma desvantagem

na linguagem no discurso na cognição


mas tem muitos privilégios

não sofre do imediatismo das coisas prontas

nem da bestialidade coletiva


necessidade de se chegar ao fim das histórias

fora do mundo das mercadorias e dos espectadores, passeia

e aproveita a viagem


Tem doze ou vinte um

não se sabe


"Solo el misterio nos hace vivir. Solo el misterio" LORCA

quarta-feira, abril 16, 2008

Dengue

Apologias midiáticas

No Rio, em plena epidemia de dengue, autoridade da PM denonmina a própria PM como inseticida social. Se fosse um poeta, tudo bem, há uma certa poesia na combinação insólita. Mas é um funcionário público ... Mas o estado... Mas a democracia...

segunda-feira, abril 14, 2008

Sobre Baudelaire, Spleen, Benjamin, Paris, Debord


"Farejando por todos os cantos o caso das rimas"

..."E às vezes topando com versos há muito sonhados"

Assim nem tudo era mercadoria, hein Debord?
Não era... depois dizem que o Nietzsche é quem pega pesado.

quarta-feira, abril 09, 2008

Pra quem gosta de provérbios

A Lua anda devagar mas atravessa o mundo.
(provérbio africano)

quarta-feira, abril 02, 2008

Casamineto De Negros (Violeta Parra y Milton Nascimento)


"Se ha formado un casamiento
Todo cubierto de negros.
Negros novios y padrinos,
negros cuñados y suegros.

Y el cura que los casó
era de los mismos negros.
Cuando empezaron la fiesta
pusieron un mantel negro.
Luego llegaron al postre,
se servieron higos secos,
y se fueron a acostar
debajo de un cielo negro.

Y ya están las dos cabezas
de la negra con el negro.

Amanecieron con frío,
tuvieron que prender fuego.
Carbón trajo la negrita,
carbón que también es negro.
Algo le duele a la negra.
Vino el médico del pueblo,
recetó emplasto de barro
pero del barro más negro,
que le dieron a la negra
zumo de maqui del cerro.

Y ya murió la negrita,
¡que pena para el pobre negro!
Y la fueron a enterrar
en cajón pintado de negro.

No prendieron ni una vela,
¡Ay! que velorio más negro.
Y ya partió la negrita
levitando para el cielo.
Era un día muy nublado,
todo se veía negro.

Le abrió la puerta San Pedro
que era de los mismos negros".

terça-feira, abril 01, 2008

A Sophia fez aniversário

A Sophia fez aniversário. Vovó, Dino, Verena e Dedéia estavam lá, além do grupo infantil de capoeira, além dos culpados por sua existência, a saber, Biathan e Mariokum. Comemos, bebemos e nadamos. Depois morremos afogados para nascermos mais uma vez. A Sophia estava muito contente com a presença de todos e, principalmente, por causa de sua nova piscina, muito entusiasmada. Faz três anos que ela está no meio de nós. Obrigado Sophia, o limite do mundo é sua imaginação. Ou onde mamãe e papai lhe levarem.

sábado, março 29, 2008

sexta-feira, março 28, 2008

O que fica da cinza das horas?

Fica as cinzas
Fica as horas
Fica o outro
Fica os outros

Fica o bobo
Fica a máscara
Fica o outro
Fica os outros

quinta-feira, março 27, 2008

O Silêncio



"Na sombra cúmplice do quarto,

Ao contato das minhas mãos lentas

A substância da tua carne

Era a mesma que a do silêncio

Do silêncio musical, cheio

De sentido místico e grave

Ferindo a alma de um enleio

Mortalmente agudo e suave

Ah, tão suave e tão agudo!

Parecia que a morte vinha...

Era o silêncio que diz tudo

O que a intuição mal adivinha.

É o silêncio da tua carne.

Da tua carne de âmbar nua,

Quase a espiritualizar-se

Na aspiração de mais ternura"

BANDEIRA

quarta-feira, março 26, 2008

O resto é silêncio

"Quer pintar? Então comece cortando a língua, pois a partir de agora você só deve se exprimir com seus pincéis"


MATISSE

segunda-feira, março 24, 2008

Quase Crônicas

As crianças da fronteira entre Paraguai e Brasil vem, falando guarani, aprender o português por um prato de feijão.

Mas e o Haiti? Ah, o Haiti... Onde fica mesmo? Não importa. Todo o mundo é mais importante que o Haiti. Mas não é o Brasil que comanda o programa de pacificação lá? Será? Como? Como consegue tomar conta de outro país? E o que acontece com o Haiti? Tem petróleo lá? Ou o conflito é étnico? Tem muito preto no Haiti? Ah... O Haiti, eu sei que se fala francês lá. Chique né? Onde fica o Haiti mesmo?

A lua
A contingência do ser humano traduz-se em lirismo. A luz na mão de Fellini clareia a infância que, por ser tão íntima, é a puerilidade de todos. Um poeta em seus filmes é a metáfora de criança. Fellini, um narrador de sonhos que nunca se faz notar, ao mesmo tempo tão singular e melancólico. Quando conta o sonho, nos tornamos parte dele. O expectador nunca saiu ileso de seus filmes. Ah! E a lua estava mais bela que nunca.

quinta-feira, março 20, 2008

Pedestre Desvio (iluminuras)



"As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras".

NIETZSCHE




Câncer tem cinco letras. Ele observa uma menina de passos indecisos. Toda torta. Tudo parece indeciso nela. Linda e torta. Mas sofrer de câncer é muito pior.


Nos bares, a maioria é feita de homens, tomam sua cervejinha, evitando o tumulto das seis na cidade mais inchada da América Latina... Aliás, com o nome do continente dá pra se escrever cancer (sem acento) - é só dobrar o cê. Sobra um monte de letras. Dá até pra escrever Amelia, Anita, mas só se pegar o ene emprestado de câncer. Será que a moça torta, indecisa e sorridente chama-se Anita.

Aninha, tão linda e sem jeito passa pelas calçadas, driblando sem querer os pedestres. Talvez ela quisesse mesmo era trombar. Sentir-se uma igual, mas não especial. Às vezes alguém esbarra, mas fica todo desajeitado, embaraçado pede desculpas. Mas se trombam a culpa é sua.

Ele continua atento. Acha que ela não queria ter nascido daquele jeito. Acha que tão difícil quanto o câncer é ser diferente. Continua a espreitar Anita que some num desvio da avenida principal.


quarta-feira, março 19, 2008

Imagem é tudo

"China's handling of the Tibet issue is being watched closely by world leaders in the run-up to the Beijing Olympics.

Officials said on Wednesday that the Olympic torch - which will be carried across China ahead of the Games - will still go through Tibet despite the current troubles".

An excerpt from today's article Protesters 'surrender in Tibet' on http://news.bbc.co.uk/2/hi/asia-pacific/7304144.stm

11/12

Absorver imagens. Transformar o mundo em metáfora e transcrever a consciência e o subconsciente das almas. As peculiaridades do ser humano podem ser problematizadas e muitas vezes questionadas por meio único e exclusivo da linguagem. Talvez seja esta a razão da literatura. Talvez também seja a melhor maneira de conhecermos a nós mesmos.

terça-feira, março 18, 2008

Desvio


O mesmo, o outro
penso a limpo

e trato tudo como se fosse acidente

sempre esperando o pior


inferno e caos
porque amor e liberdade nunca vencem


só espero achar um lugar melhor
ou um jeito melhor de desistir

preso em minha própria teia

você sempre me avisava

mas eu não sei ouvir


A vida, uma sucessão de equívocos

a poesia, uma maneira de problematizá-los


De pneu, faço um balanço
meu menino brinca, eu estendo as roupas

A praça amanhece

segunda-feira, março 17, 2008

desabafo


A vida, uma sucessão de equívocos
A literatura, uma maneira de problematizá-los
De pneu, faço um balanço
Meu menino brinca
Eu estendo roupas
A desgraça amanhece

sábado, março 01, 2008

Earthly delights


Vazio, desconectado, a figura que se vê é uma sombra funda. Tudo parece revolver a poeira. O passado uma poeira subsahariana. A mulher se arrasta, um homem a acompanha. A vida naquele lugar é feita de sacrifícios.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Estrela solitária


Don't come knocking is not about cowboys but drifters. It's about the movie industry and consumerism and people and love, also. Well it's Wim Wenders, you know the rest.

Assisti quando saiu no cinema, na finada sala uol da Fradique, esqueci de mencioná-lo entre os meus favoritos do Wim Wenders, assisti novamente ontem no cinusp com o Dino. Uma coisa que não me lembrava claramente era a magnifica trilha sonora pra quem gosta de Silver Jews, Tindersticks, Nick Cave, Johnny Cash (sound track for "losers and suckers and steady bad luckers") Mas não sei se algum deles entra na trilha sonora, preciso checar mas fica a recomendação, heh.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Mais leitura

Terminei de ler Quando o espiritual domina de Simone de Beauvoir. É um conjunto de novelas que estão interligadas por persomnagens em comum. Assim as histórias se encontram. O tema seria o conflito de identidade dos seus personagens. Mulheres sufocadas pelo arbítrio cultural, pela formação cristã. Homens patéticos. Em suma, um ótimo livro que fala do humano demasiado humano e por consequência do amor. Há no título ironia e referência a uma obra antagônica.

Roma


Confuso, às vezes profundo, mas certamente ridículo.

Pra quem tem tempo (cante essa canção)


Ô tra la la la la la ô
Ô tra la la la la la ô
Ô tra la la la la
Ô
Tra la la la la
Ô
Tra la la la la la
Ô
As flores já não crescem mais
Até o alecrim murchou
O sapo se mandou, o lambari morreu
Porque o ribeirão secou
Ô tra la la la la la ô
Ô tra la la la la la ô
Ô tra la la la la
Ô
Tra la la la la
Ô
Tra la la la la la
Ô

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Amor ou morte ou...


A Estrela

"Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia".


BANDEIRA ( QUE TINHA MEDO DE TER MEDO NA HORA DE MORRER (...) E RIA COM MUITA FACILIDADE PORQUE ERA DENTUÇO - segundo João Condé)

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Amor II



A menina colhe flores na livraria. Pesca livros, colhe flores de todas as cores.Ela os lê porque dá prazer. A menina pesca às vezes os mais sérios que já se leu. É a sua curiosidade, conhecer o não dito.

Acompanho-a, a fim de participar desse descobrimento, de suas emoções. Sem que ela se aborreça, vou por entre seus cabelos.

Os meninos e as meninas que passam falam consigo mesmas: "nossa que menina linda...e que borboleta! A menina ri. Ela gosta de ser desejada.

A borboleta gosta de sua graça e delicadeza. Também gosta de ser desejada e viver sempre na cabeça da menina.

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

AMOR


O Amor é uma prisão.
"I... I used to make long speeches to you after you left. I used to talk to you all the time,
even though I was alone. I walked around for months talking to you. Now I don't know what
to say. It was easier when I just imagined you. I even imagined you talking back to me.
We'd have long conversations, the two of us.
lt was almost like you were there. I could hear you, I could see you, smell you.
I could hear your voice. Sometimes your voice would wake me up. It would wake me up
in the middle of the night, just like you were in the room with me. Then... it slowly faded.
I couldn't picture you anymore. I tried to talk out loud to you like I used to, but there was
nothing there. I couldn't hear you. Then... I just gave it up. Everything stopped.
You just... disappeared. And now I'm working here. I hear your voice all the time.
Every man has your voice".

Jane talking to Travis

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Old Bull Lee (prova de veneração)


Abre-se a porta. O velho entra empurrando passos. Lá fora a chuva farinhava. Ele enfiado num terno cinza folgava por sua magreza. Arrancou o chapéu da cabeça delgada. Dentro o sol faiscava um amarelo de mudança de tempo. Conversa com um rapaz que veste branco. Mas conversar é dificil. Ele quer comprar o papagaio. Talvez assim o velho consiga sobreviver. Contar histórias. Tudo que mais amou na vida. Gostou de homens e mulheres, dar tiros, gatos, tomar tudo e todas e gostou de escrever. Agora sobrevivia.
Todos seus amigos, ou se houvera alguns, os mais chegaods, haviam morrido. Quando se pensa em longevidade não lembramos daqueles que se perderão no caminho. Todos que o cercavam agora eram uns babacas. Mas os gatos supriam sua carência. Ele havia se tornado mais sensível por causa dos felinos.
Não conseguia advinhar o que o garoto do caixa queria. Ainda enxergava bem, era sensível ao toque (gostava muito de ser tocado) mas sua surdez o incomodava, um constante zumbir (como de um inseto gigantesco, ou talvez o espirito maléfico que o perseguira a vida inteira tinha asas)

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

http://www.consciencia.net

"Das coisas que a sabedoria proporciona para tornar a vida inteiramente feliz, a maior de todas é uma amizade".
Epicuro (341-270 a.C.)

domingo, fevereiro 10, 2008

Pessoa

Olhando o mar, sonho sem ter de quê

Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?

Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.

As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.

Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.

Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?

Fernando Pessoa

Rebound

Rebound (by Sebadoh)

Heart-broken and attractive
A sad, sloppy mess
Lookin' for approval
And easily impressed
Beware they say, but why would I listen?
I need to know what I've been missing
I'm no one you can trust
All little-boy lonely with curious lust
Confusion turns me upside down
Lost as quickly as I'm found
But soon enough it turns around
On the rebound
Call it fate or true love, never forced romance
Fell into a new love
Maybe perfect love by chance
Beware they say, but why would I listen
When it feels this good?
No one lives their life
Doing all the things they say they should
Confusion turns me upside down
Lost as quickly as I'm found
But soon enough it turns around
On the rebound (X4)

sábado, fevereiro 09, 2008

Virou música, ficou bacana


carvão roubado de Nina Jacomini
Sabe? (Encantado por Safo)


Ninar um sonho. Desejo.
Um sentido que dispersa e dissemina
Pinta um braço, os olhos, verde
tênis cheio de barro e sujo do sítio
Jogo de risadas, de polvilho,
eu todo tapado, ela toda ilegível
Furto versos, noites em claro
Mas tudo é ousável e sofrível...

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

citações

"Se quisermos compreender alguma coisa, precisamos nos dedicar ao silêncio".
Federico Fellini

Vinhas da Ira

Conta as consequências da Grande Depressão de uma maneira criativa. Além do viés humanístico e cristão um outro ponto forte do livro é o valor da comum-unidade. A narrativa é sobre arrendatários e pequenos produtores que expulsos de suas terras lançam-se numa verdadeira corrida a procura de trabalho nas promissoras terras californianas. O enredo é traçado em torno dos Joads e seus dependentes. O martírio e desagregação da família é contado de maneira muito peculiar por Steinbeck que impõe um ritmo acelerado e diálogos vividos cheios de uma filosofia comum. Além disso, há intervalos de puro lirismo em que por vezes sua prosa se confunde com música de raiz norte americana. Sem contar a fascinate imagem final que deixou muitos leitores na época com aversão ao autor. Um livro muito interessante para ser lido em Inglês.

sábado, janeiro 26, 2008

Caldo de Udon


20 conchas de Dashi
1/3 concha de Sakê Kirin
1/3 concha de Sakê Mirin
1/3 concha de Shoyu
1 colher de sopa Dashi (vidro)
10 colheres de chá sal
5 colheres de Aginomoto
1 envelope de Hondashi

* Sakê Kirin dá pra beber e se você gosta de Hondashi dá pra botar um pouco mais na receita* se quiser aumentar a receita vá em frente e se houver hesitação assista Ratatouile*
Obrigado Biathan

É muito bacana conhecer bons contadores de histórias.

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Beatriz

The writer has a serious disease. she's going blind and probably dying. I've been told in my dreams.It's true, a friend of mine told me in a dream. Now everything falls into its rightful place. That's why she believes everything is magic and everyone is holy. she made life seems kind of fun. I feel like her stalker. First I got caught following her around the city, at the libraries, bookstores, bistros and supermarkets. Now I'm looking over my shoulder and watching her back.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

O Lima Duarte é foda!

Madrigal Melancólico

"O que eu adoro em ti
Não é sua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza

O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Mas é o espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é tua ciência
Do coração dos homens e das coisas

O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz

O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza
O que adoro em ti lastima-me e consola-me
O que eu adoro em ti é A VIDA
" !!!


Manuel Bandeira

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Esse é o cara



Ele era vegetariano e essa foi sua resolução de fim de ano. Agora,as leitoas que se cuidem.