Os poemas moram sempre no fundo das águas, disse um poeta. Nossa missão é resgatá-los, penso eu, mas numa época de tanta violência nossa poesia parece ainda mais inútil. As vítimas viraram verdugos. E da violência da verdadeira violência ninguém pode escapar. Pelo menos não nós que vivemos no século XXI. Depois da Covid as coisas iriam mudar…
Então qual o lugar da poesia num mundo tão enfermo? Outro poeta equacionou que Literatura + doença = doença. Acho que talvez ele estivesse certo. O mundo continua vivo e não tem remédio.
RESURRECCIÓN
La poesía entra en el sueño
como un buzo en un lago.
La poesía, más valiente que nadie,
entra y cae
a plomo
en un lago infinito como Loch Ness
o turbio e infausto como el lago Balatón.
Contempladla desde el fondo:
un buzo
inocente
envuelto en las plumas
de la voluntad.
La poesía entra en el sueño
como un buzo muerto
en el ojo de Dios.
RESSURREIÇÃO
A poesia entra no sonho
como um mergulhador num lago.
A poesia, mais valente que ninguém,
entra e cai
a prumo
num lago infinito como Loch Ness
ou turvo e funesto como o lago Balaton.
Contemplai-a desde o fundo:
um mergulhador
inocente
envolto nas penas
da vontade.
A poesia entra no sonho
como um mergulhador morto
no olho de Deus.
A arte e a poesia tão vilipendiadas hoje em dia não passam de analgésicos genéricos e baratos quando muito.
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