"...existem coisas que não podem ser contadas..."
Os cigarros que fumei a noite passada me fazem pensar. Lembro-me de que Luciana sempre esteve lá. Não, não é coincidência não. Estva desde sempre no sorriso de Adriana, na boca de Alice, nos carinhos de Fabiana, nas pernas de Valéria, no olhar de Marina, nas conversas com Silvia.
Os cigarros que fumei a noite passada lembram-me que coincidência não pode ser. E que tudo pode ser imaginação. Luciana pode ser um fruto de meu delírio, como um livro de Bolaño que parece ser autobiográfico, no entanto, pode ser lido como ficção ou delírio.
Os cigarros que fumei ontem a noite me fazem pensar que Luciana não fuma. Aliás, quase ninguém de sua família fuma. Me fazem lembrar da cor branca de sua pele impoluta, tão branca como a cor alva de suas calcinhas. Na fumaça ainda via aquele jeito de andar pelada, meio infantil.
Os cigarros que fumei me fazem acreditar que na noite passada encontrei Luciana. Ela estava tão bem. Era ela mesma, bela com um ar despreocupado e alegre, talvez por causa de seu pai haver saído do hospital.
Hoje nas calçadas encontro rostos familiares em pessoas estranhas. A manhã de inverno me faz melancólico. Você passa por mim como uma musa de Corso ou de Baudelaire, como uma pequena frase de seu autor favorito você me atravessa. Luciana tão breve e leve como quinze, vinte, trinta e dois anos, um suspiro breve na vastidão do tempo. Acendo um cigarro e me lembro de que os Mapuches não gostam de ser fotografados.
Um comentário:
Amanhã é dia de fumar uns cigarros e tomar umas cervejas e voltar aqui pra ler mais coisa boa!
Postar um comentário