domingo, maio 04, 2008

Se não houvesse fim (Zig-zag)


"E quando a mentira começar a dar-nos prazer, falemos a verdade para lhe mentirmos."


Queria lhe mandar uma mensagem no celular: atrás de cada gesto sempre se esconde uma paixão; queria voltar à sua cama nesses dias frios, sentir o seu cheiro e sexo, mas não havia sequer verbalizado seu querer, conjecturas, via nela uma mulher que mexia com seu todo e que o tratava ora como um gato, ora um cachorro.

Queria ler o que ela estivesse lendo junto na cama, um conto ou um poema, discutir somente o silêncio enquanto sentia sua cintura com uma de suas mãos enquanto a outra sentisse seu pescoço, ombros, costas, enquanto ela se sentisse desejada.

Queria falar-lhe o quanto seus amigos eram dispensáveis, o quanto ele era egoísta, o quanto ela estava exuberante a última vez que se encontraram naquela festa estúpida - que poderiam ter evitado, a sós, ouvindo as histórias dela, da infância, da avó, dele, dos cavalos, do sítio, bebendo suas histórias.

Queria beijar sua boca, sua boca sempre mais vermelha, mais redonda e sempre entreaberta pedindo pra ser mordida. Mas suas palavras, como seus gestos, eram sempre equivocados. Era um patético e sabia que seu jeito a ameaçava.

No fim, um dia, ela lhe disse sobre a importância das pessoas estarem bem sozinhas, disse que diferenças de idade e de opinião não contribuem para um bom relacionamento, disse também não estar pronta pra uma relação mais íntima.

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