domingo, abril 17, 2016

Cultivando desertos (Benvindo ao deserto do real)



3 de enero, 1959


(...)"Quiero llorar. Lo hago. Lloro porque no hay seres mágicos."(...)
(Pizarnik)

Connected, but alone?

I share therefore I am.

No one is listening to me.

We are losing our touch, building a desert.


Sinto necessidade de compartilhar. Uma urgência. Creio que agora começo a entender tanta gente conectada aos seus smartphones no metrô e no ônibus em meu trajeto a caminho do trabalho e na minha volta pra casa. Passo horas enfrente a tela do computador geralmente no facebook. Lendo algumas coisas, olhando fotos, ou simplesmente rolando a barra de visualização pra cima ou pra baixo. No melhor dos casos, quando me sinto mais ativo e confortável é quando eu posto músicas que estão na minha cabeça ou quando subo trechos de textos que estou lendo ou poesias que vem a minha mente. 

Talvez isso não seja ruim. Embora tenha mudado radicalmente até meu jeito de ler os textos, a literatura, e acredito que até em certa medida a maneira de escutar música ou assistir um filme, um doc, ou um vídeo no youtube.

Há muito tempo temos a necessidade de sermos ouvidos. A parafernália, a tecnologia e as redes sociais  de hoje nos dão esta ilusão. Ilusão que estamos sendo ouvidos por tanta gente. Ou até mesmo a ilusão de companhia no trânsito e nos caminhos de nosso dia a dia. A ilusão de que estamos ganhando tempo. De que estamos realmente nos importando com nossos colegas ou nossa família. Tenho várias questões sobre o assunto. Gostaria de conversar com alguém. Gostaria de ser ouvido. Gostaria de ouvir. Embora tenho quase certeza que estamos perdendo cada vez mais o contato e as oportunidades de estabelecer conversas mais duradouras e frutíferas, contatos mais significativos e mais longos. Estamos perdendo o contato e criando desertos. Estamos perdendo o contato e criando desertos pois conectar-se online não é necessariamente estabelecer contatos significativos.

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