Dizem que boas crônicas saem de assuntos que nos incomodam. Quando a gente está feliz a gente abraça alguém, por exemplo. Quando a gente está irritado a melhor coisa é sentar e escrever talvez. Talvez um bom texto apazigue um pouco nosso animo. Muitas coisas me irritam e eu poderia fazer uma lista delas: redes sociais, barulho e ruidos em geral, os programas sensacionalistas, o pseudo-jornalismo nas tvs abertas, as tvs em todas partes, show do Roberto Carlos no fim de ano, a discussão sobre uva passa, o ‘mundial’ do Palmeiras a lista é infinita. Mas o que mais me incomoda nessa época, no começo do ano é o BBB.
Acredito que muita gente boa já escreveu sobre esse fenômeno e sua audiência. Afinal de contas já são vinte e quatro variações sobre o mesmo tema no ar por quase um quarto de século e já deu tempo pra pensar a respeito do assunto. Aliás, há até gente séria que produziu belos ensaios e estudos sobre o Big Brother Brasil. Não li nehum mas tenho vontade de dar uma aprofundada no tema. Na verdade não sei ao certo o que me irrita mas essas linhas são uma tentativa de desvendar o mistério que me habita.
Gosto do carnaval, apesar de não ser folião, gosto de futebol, apesar de não levar nehum jeito pro esporte, assisto algumas tele-novelas com meu pai, apesar de achá las em sua maioria meio óbvias. Gosto de filmes do Adam Sandler e do Jim Carey. Gosto de uva passa no arroz no fim de ano, já provei macarrão com feijão e gostei. Por tanto, não me considero na fila dos elitistas ou dos puristas quando o assunto é gosto ou entretenimento em geral. Mas o BBB é difícil de engolir.
Já assisti um BBB inteiro. O da pandemia, o do Lucas Penteado e da Karol com K, o BBB 21. Mas não consigo entender como esse tipo de programa continua no ar por tanto tempo. Confesso que não gostei do que vi. Agora a razão pela qual o show me irrita é dificil de elaborar. Talvez sejam os discursos de auto ajuda de baixa qualidade dos anfitriões do programa. Talvez seja o sado masoquismo dos participantes. Talvez sejam seus efeitos na audiência. Talvez seja o que está por trás da competição e da própria ideia de reality show.