sexta-feira, dezembro 26, 2008

Goela de dragão


Piquenique à beira de estrada

Morte sépia cinza negra ruínas fracasso atraso. Escreve palavras sem nenhuma ligação. É tudo mentira. Vinte anos nenhum problema resolvido sequer posto. Deus é uma mentira como os ovinis, outra vida além dessa, triângulo das bermudas, conspiração dos astros, um gracioso engodo. Stella adora ler os russos e os alemães, melhor que Sarney ou Lacerda. Obsessão lixo entulho ferro velho solar e lunar Ashley Alice Diana Samanta Sara Suzette Mariana e Babi, mais nomes e nenhuma relação. Vida. Não existe sequer a Zona de Tarkovsky, nada que virá nos redimir. Na tevê, vende-se mantra pra ficar mais rico o ano que vem. Cheio de minha mesmice mas pensando em que escreveria Stella neste caderno.

Ia caindo a tarde, parei diante de um cartaz que anuciava a apresentação que daria Berma no primeiro dia do ano. Corria um vento suave e úmido. Aquele tempo me era bastante conhecido; tive a sensação e o pressentimento de que aquele dia do ano novo não era diferente dos demais, não era o primeiro dia de um mundo novo em que eu poderia, tentado a minha sorte ainda não explorada refazer minha amizaade com Gilberte, como no tempo da Criação, como se ainda não existisse o passado”... Stella sentia-se mais nova lendo esse tipo de literatura, não que ela fosse velha. Sentia que sua geração havia perdido alguns interessses, então sentia-se meio deslocada, por exemplo, tinha simpatia por Jango e Allende e não sabia como mas começou a estudar por conta própria, começou pela greve dos metalúrgicos, vidreiros e gráficos em São Paulo, em 1953.

Tinha perversões como o narrador que gostava de ajudar e guiar deficietes visuais, não só por altruísmo pois como Stella não acreditava em tal coisa, mas pelo prazer de se sentir útil, guiar alguém ao seu deestino, além do mais, gostava de ser tocado, como Stella, pois achava que as mãos deles eram mais macias além disso eram mais sensíveis, disso não tinham dúvida. Preferiam as mulheres mas o contato com os homens era mais frequente, parecia haver mais deficientes do sexo masculino na cidade.

O único medo de Stella era que as pequenas convulsões voltassem. Perto do aniversário de morte de sua mãe sua imaginação era mais útil, enxergava as coisas como elas realmente eram, sua mente era muito mais esperta e quase não dormia nesses dias, bebia para domesticar a imaginação. Não tinha medo de morrer nesses dias mas tinha medo das convulsões. Pensou em ligar pra Babi, conversar, tomar um café.


Um comentário:

Anônimo disse...

?????
bjo Fabi