"Somente a ideia da morte torna o homem suficientemente desprendido para ser capaz de se entregar a qualquer coisa. Um homem assim, porém, não tem anseios, pois adquiriu uma amor calado pela vida e por todas as coisas da vida. Sabe que a morte o acompanha e não lhe dará tempo de se agarrar a nada, de modo, de modo que ele experimenta sem ansiar, tudo de todas as coisas."
CARLOS CASTAÑEDA
terça-feira, dezembro 25, 2018
domingo, dezembro 23, 2018
terça-feira, dezembro 18, 2018
subsistir & insistir (brincando com Valéry)
Medo do porvir sugeriu Paula C. Talvez, tal vez. Talvez medo do Tempo. Medo da Morte. - Alô, iniludível! Medo do vazio, medo de renascer. Medo do Sono. Medo do sonho. "Au commencement sera le Sommeil. Animal profondément endormi"(...)
"Fizeste para ti uma ilha de tempo, tu és um tempo que se desprendeu do Tempo enorme no qual tua duração infinita subsiste e se eterniza como um anel de fumo. Não há pensamento mais estranho, mais piedoso; não há maravilha mais próxima. Diante de ti meu amor é inesgotável" (Paul Valéry - Alfabeto - Obra feia por encomenda)
segunda-feira, dezembro 17, 2018
talvez tal vez, escrever poesia seja uma forma de pedir desculpas, talvez...
(Despedida - Remedios Varo)
"La mención de Sor Juana es la gota que colma el vaso"
(COLEI não sei de qual leitura)
"Hecho que me sorprende, porque nunca
Fue para mí otra cosa que una amiga.
Nunca tuve con ella más que simples
Relaciones de estricta cortesía,
Nada más que palabras y palabras
Y una que otra mención de golondrinas.
La conocí en mi pueblo (de mi pueblo
Sólo queda un puñado de cenizas),
Pero jamás vi en ella otro destino
Que el de una joven triste y pensativa
Tanto fue así que hasta llegué a tratarla
Con el celeste nombre de María,
Circunstancia que prueba claramente
La exactitud central de mi doctrina.
Puede ser que una vez la haya besado,
¡Quién es el que no besa a sus amigas!
Pero tened presente que lo hice
Sin darme cuenta bien de lo que hacía.
No negaré, eso sí, que me gustaba
Su inmaterial y vaga compañía
Que era como el espíritu sereno
Que a las flores domésticas anima.
Yo no puedo ocultar de ningún modo
La importancia que tuvo su sonrisa
Ni desvirtuar el favorable influjo
Que hasta en las mismas piedras ejercía.
Agreguemos, aún, que de la noche
Fueron sus ojos fuente fidedigna."
trecho de Es Olvido
(Nicanor Parra)
"La mención de Sor Juana es la gota que colma el vaso"
(COLEI não sei de qual leitura)
"Hecho que me sorprende, porque nunca
Fue para mí otra cosa que una amiga.
Nunca tuve con ella más que simples
Relaciones de estricta cortesía,
Nada más que palabras y palabras
Y una que otra mención de golondrinas.
La conocí en mi pueblo (de mi pueblo
Sólo queda un puñado de cenizas),
Pero jamás vi en ella otro destino
Que el de una joven triste y pensativa
Tanto fue así que hasta llegué a tratarla
Con el celeste nombre de María,
Circunstancia que prueba claramente
La exactitud central de mi doctrina.
Puede ser que una vez la haya besado,
¡Quién es el que no besa a sus amigas!
Pero tened presente que lo hice
Sin darme cuenta bien de lo que hacía.
No negaré, eso sí, que me gustaba
Su inmaterial y vaga compañía
Que era como el espíritu sereno
Que a las flores domésticas anima.
Yo no puedo ocultar de ningún modo
La importancia que tuvo su sonrisa
Ni desvirtuar el favorable influjo
Que hasta en las mismas piedras ejercía.
Agreguemos, aún, que de la noche
Fueron sus ojos fuente fidedigna."
trecho de Es Olvido
(Nicanor Parra)
quarta-feira, dezembro 12, 2018
Labirinto, a vida, labirinto, a morte (feito pra transbordar)
máquinas desejantes
e flores que flutuam no ar
lunar lunares
numa tela de cinema
nesta oficina se processa toda produção
meu câncer: corte-fluxo
minha morte: enche-esvazia
errando num mundo perverso enfeitiçado fetichista
sexta-feira, novembro 30, 2018
depois de Auschwitz
ecos de acontecimentos
meandros
liames
enleios
enredos
errantes palavras
brincando pra valéry
descordenando artesanias
descartando razões
(... "escrever um poema após Auschwitz é um ato bárbaro, e isso corrói até mesmo o conhecimento de por que hoje se tornou impossível escrever poemas".)
meandros
liames
enleios
enredos
errantes palavras
brincando pra valéry
descordenando artesanias
descartando razões
(... "escrever um poema após Auschwitz é um ato bárbaro, e isso corrói até mesmo o conhecimento de por que hoje se tornou impossível escrever poemas".)
domingo, novembro 25, 2018
sexta-feira, novembro 23, 2018
terça-feira, novembro 20, 2018
promessas (de felicidade)
pequenas epifanias
sem exagero na dose
desejo
(sem inflacionar a tal felicidade - que chamamos assim tão descuidadamente)
cabeça segue trovoando, acredita?
Lunar:
lunares
pra qualquer parte
ou pra Marte?
Sabia que a Lua se afasta da gente quase 2 cm por ano? Sabia que provavelmente um dia ela será engolida pelo Sol?
segunda-feira, novembro 19, 2018
FLT
Falta:
lemos para nos alcoilizarmos
assistimos a novela para esquecer
bebemos para pensar outros mundos
sexo para esquecer que morremos
poesia para contestar
e politicamos para esquecer de nós mesmos.
quarta-feira, novembro 14, 2018
O livro da escada e a esperança (Liber Scale Machometi)
Tinha me esquecido como se
chama a esperança, quero dizer, um inseto verde, um pouco parecido com o grilo
e provavelmente sul americano.
Ontem à noite antes de dormir as luzes já estavam todas apagadas
menos a tela do computador, talvez foi esta sorte que atraiu a esperança pro
meu quarto.
Estava Tom Zé no spotfy e
a esperança entrou pela janela do meu quarto, em minha vida, e se repousou sobre
a bandeira tricolor mexicana. Enquanto isso noutra parte do mundo alguém
encontrava mais uma tradução do Livro da escada de Maomé.
sábado, novembro 10, 2018
The philosophy of composition
Dénouement: unnecessaurus, my students say. Well, I'd rather think about my favorite readings, my favorite authors, reread them then mix them up with some other texts and images from my mind. Then voilà! Bricolage is the answer, pastiche is the alternative to cope with more than 40.000 years of story telling. I told my students, they thought it was cool. It seems evident, it is not too hard to master. Of corns my horns!
segunda-feira, novembro 05, 2018
Conversa com Clarice L. e Silvia C. e Sarah V.
(Contra os medalhões - em favor dos seres mágicos)
Foi minha mãe que disse que a própria fé, que a fé pode ser um grande
susto, pode significar cair no abismo.
Foi minha mãe que disse que a mais premente necessidade de um ser humano
era tornar-se um ser humano.
Foi minha mãe que disse que nós não fomos feitos senão para o pequeno
silêncio, não para o silêncio astral.
Foi minha mãe que disse que as pessoas felizes eram menos sensíveis à dor humana.
Foi minha mãe que disse que temos disfarçado com pequeno
medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa.
Foi minha mãe que disse que falar do que realmente
importa é considerado uma gafe.
Foi minha mãe que disse que se deve viver apesar de.
São Paulo · 1984
Entre fragmentos, entre lamentos.
Entre el deseo y la palabra, um puente insalvable – penso em todos, inspirado principalmente por Pizarnik e Barthes.
O ser cuja essência é compreender é feito de carência e sede? É feito de falta? É ser faltante?
Entre um chorinho e outro, lamentos bem menores que do Valongo.
sexta-feira, novembro 02, 2018
Seres
(para Elza Maia Costa de Oliveira)
históricos quanto maior se foi tornando a solidariedade
entre mente e mãos
seres da linguagem disse Lev V.
inacabados disse Paulo F.
faltantes disse Jaques L.
na noite sem fim
e buscamos compreender dizem
na memória - humanos
terça-feira, outubro 30, 2018
As últimas semanas do mundo
O velho diabo no ponto de ônibus, noturno
Estrela distante
A moça que lê no café Art poetique tão matutina
(às vezes se prefere a dúvida `a resposta, se prefere o som ao seu significado)
Quem nunca cantou embromation quando criança não teve infância
Há mais metafísica entre o céu e a terra do que sonha nossa vã psicanálise
quarta-feira, outubro 24, 2018
Seres mágicos
Para Claudia R. Sarah V. & Monalisa - seres mágicos
Era uma daquelas manhãs que parecem suspensas no ar quando Alice abriu a janela de seu quarto. O sabiá sabiava, a moto passava, o ônibus brecava e um gato miava. O cachorro latiu. Foi aí que ela correu nua em direção ao banheiro e chuá no chuveiro. Então se deu conta que já não havia seres mágicos. Alice chorou, chuá, chuveiro e a cidade se inundou.
sábado, outubro 20, 2018
Amorous
el ruído de la calle me aburre tal cual el de la tele
hora de poner a C.P. a hacer su magia
(todavía hay seres mágicos)
pa' que vuelvan los agujeros
pa' que vuelvan a Jhony Carter y el cuarto de hora en 2 minutos
pa' que se escuche otras vez a Dylan Thomas and Dizzy
desde mi ventana: la última noche del mundo
desde Cambuci hacia Chapultepec
las luces más bonitas del mundo
terça-feira, outubro 16, 2018
lhe procuro nos algorítimos da memória inventada
seu gosto remonta amor
tudo tinha ruído
seus carinhos saboreados
minhas mãos torpes
& cigarrettes after sex: apocalypse
seu sonho velado
la última noche del mundo
minha madrugada insone
seu perfume
minhas dúvidas
seu castañeda
minhas dividas
suas gravuras e fotos na parede
minha melancolía
sua calcinha
seu café & seu brigadeiro
os filmes que não assisti ao seu lado
exercícios de memória fatiando lembranças aqui
meu fio da memória
(tudo que se pode dizer é mentira)
domingo, outubro 14, 2018
Onde se fala de gatos e de homens (Manuel António Pina)
"Os meus gatos dormem durante a maior parte do dia (e, obviamente, durante a noite toda). Suspeito que os gatos têm um segredo, que conhecem uma porta para um mundo coincidente e feliz, por onde só se passa sonhando. Um mundo criado como Deus terá criado o nosso humano mundo, à sua desmesurada imagem. Porque os que sonham são deuses criadores. Os gatos sonham dormindo, os homens sonham fazendo perguntas e procurando respostas.
Mas os meus gatos dormem e sonham porque não têm fome. Teriam, se precisassem de procurar comida, tempo para sonhar? Acontece talvez assim com os homens. Como se o espírito criador fosse, afinal, prisioneiro do estômago. Talvez, então, a mesquinhez de propósitos da nossa vida colectiva radique, como nos querem fazer crer, no défice, e talvez o cumprimento das normas do pacto de estabilidade seja o único sonho que nos é hoje permitido.
E, contudo, dir-se-ia (e isto é algo que escapa aos economistas) que é o sonho, mais do que a balança de pagamentos, que alimenta a vida, e que os povos, como os homens, precisam de mais do que de números. Os próprios números têm (os economistas não o sabem porque a sua ciência dos números é uma ciência de escravos) o poder desrazoável de, não apenas repetir, mas sonhar o mundo.
Há anos que somos governados por economistas e o resultado está à vista. Talvez seja chegada a altura de ser a política (e o sonho) a dirigir a economia e não a economia a dirigir a política. Jesus Cristo «não sabia nada de finanças, / nem consta que tivesse biblioteca», e o seu sonho, no entanto, continua a mover o mundo." (Manuel António Pina)
sábado, outubro 13, 2018
sexta-feira, outubro 12, 2018
Passarão? (técnicas para afastar o sofrimento)
Sempre tive pena e inveja de passarinho. Pena pois poucos conseguem abrigos diante das chuvas, pensava eu na minha infantiligência. Inveja porque eles voam quando querem, ou melhor, flutuam no desafio do azul e outros se arremessam no buraco da escuridão.
quarta-feira, outubro 10, 2018
domingo, outubro 07, 2018
Semiologia I (para Barthes & Bolaño com afeto)
(pic. by Quint Buchholz)
Literatura, uma miragem
nós discípulos caminhamos
mirando os textos e ao mesmo tempo nos afastando deles
de costas caminhamos
entrevendo as partes mais eróticas do texto
lá onde o vestuário se entreabre
em sua intermitência
quando a pele bruxuleia entre duas peças
tremula entre as calças e a malha
literatura
(des)viada
invertida
palco do jogo de palavras
teatro dos sentidos sem sentido
literatura, destino
(Alchistes Mirabismo)
Literatura, uma miragem
nós discípulos caminhamos
mirando os textos e ao mesmo tempo nos afastando deles
de costas caminhamos
entrevendo as partes mais eróticas do texto
lá onde o vestuário se entreabre
em sua intermitência
quando a pele bruxuleia entre duas peças
tremula entre as calças e a malha
literatura
(des)viada
invertida
palco do jogo de palavras
teatro dos sentidos sem sentido
literatura, destino
(Alchistes Mirabismo)
domingo, setembro 23, 2018
Carlos e yo
Las platicas
las chelas
las citas accidentales
las histriónicas historias
las compartidas soledades
las novelas y los poemarios
las metáforas y metonimias
los regalos de la desmemoria, de la memoria y del olvido
las chelas
las citas accidentales
las histriónicas historias
las compartidas soledades
las novelas y los poemarios
las metáforas y metonimias
los regalos de la desmemoria, de la memoria y del olvido
domingo, setembro 09, 2018
Invasiones bárbaras
Los impérios
Las conquistas
Naciones de peregrinas lenguas
Abisales diferencias
Y el perverso derecho a decir solamente sí
segunda-feira, setembro 03, 2018
Alcira Soust Scaffo
"Ésta será una historia de terror. Será una historia
policiaca, un relato de serie negra y de terror. Pero no lo parecerá.
No lo parecerá porque soy yo la que lo cuenta. Soy yo la que habla y por eso no
lo parecerá. Pero en el fondo en el fondo es la historia de un crimen atroz."
segunda-feira, agosto 13, 2018
crônica e a indesejável das gentes
Hoje percebi que envelheço. Sinto pelos olhos dos outros. Uma gentil garota na barraca da feira livre me desejou feliz dia dos pais. Eu que nunca tive vontade de ter filho sozinho e não sabia o que dizer. No final da transação lhe disse que não tinha filhos mas mesmo assim lhe agradecia. Me sinto meio pai lhe disse: por cuidar dos filhos dos outros; sou professor, também lhe disse.
Bem, como disse dona Canô, 'quem não morre envelhece'.
Bem, como disse dona Canô, 'quem não morre envelhece'.
segunda-feira, julho 30, 2018
Poema
para Antonio Cicero
poema objeto
poema palavra e provérbio
canção e profecia
poema
significado e significante
forma e conteúdo
indivisível indivisíveis
talvez uma forma de conhecer o mundo
confundindo subjetividade com objetividade
domingo, julho 22, 2018
CAPÍTULO V
" 'Que importa o nome do autor na capa? Vamos nos transportar pela imaginação para daqui a três mil anos. Sabe-se lá quais livros de nossa época terão sobrevivido e quais autores ainda serão lembrados. Haverá livros que continuarão célebres, mas que serão considerados obras anônimas, como é para nós a epópeia de Gilgamesh; haverá autores cujo nome permanecerá célebre, mas dos quais não restará nenhuma obra, como é o caso de Sócrates; ou talvez todos os livros remanescentes sejam então atribuídos a um único e misterioso autor, como Homero'. " Carta de Marana ao seu Editor - Se um viajante numa noite de inverno, CALVINO.
quinta-feira, julho 19, 2018
Se una notte d'inverno
- Gosto de saber que existem livros que ainda poderei ler - ela diz, certa de que à força de seu desejo devem corresponder objetos existentes, concretos, mesmo que ainda desconhecidos. Como acompanhar o passo dessa mulher, que sempre lê outro livro além daquele que tem diante dos olhos, um livro que ainda não existe, mas que, dado que ela o deseja, não pode deixar de existir? - Se um viajante numa noite de inverno, 1979, CALVINO.
quarta-feira, julho 18, 2018
Pequeños milagros o simplemente diálogos accidentales
Hoy hice un amigo, pues. Leía en el camión un libro muy chingón. Luego un joven muchacho se sentó a mi lado. Primero, buscó quitar a su celular. Después sacó un libro. Yo apenas guardaba mi novela. Luego, después de un rato, es decir, antes de bajarme, empecé una plática con el jovencito, pues. Por azar, conocía el autor de su libro, una novela brasileña poco conocida quizás. Además había un chiste sobre el autor que tenía muchas ganas de platicarle, o sea, sobre el autor y sus influencias. Se lo dije
segunda-feira, julho 16, 2018
toda memória de mim ou toda memória de luna
renascida outra vez
numa casa de barro
talvez num campo de arroz
acolhedora cheia de histórias
valente
e dividida como todos nós
numa casa de barro
talvez num campo de arroz
acolhedora cheia de histórias
valente
e dividida como todos nós
domingo, julho 01, 2018
sábado, junho 30, 2018
Lectores a secas
(Graciela Iturbide)
- ¿Qué cosas de todas las que le han dicho sus lectores en torno a sus libros lo han comovido?
- Me comueven los lectores a secas, los que aun se atreven a leer el Dicionario Filosófico de Volatire, que es una de las obras más amenas y modernas que conozco. Me comueven los jóvenes de hierro que leen a Cortázar y a Parra, tal como los leí yo y como intento seguir leyéndolos. Me conmueven los jóvenes que se duermen con un libro debajo de la cabeza. Un libro es la mejor almohada que existe.
(R. Bolaño)
- ¿Qué cosas de todas las que le han dicho sus lectores en torno a sus libros lo han comovido?
- Me comueven los lectores a secas, los que aun se atreven a leer el Dicionario Filosófico de Volatire, que es una de las obras más amenas y modernas que conozco. Me comueven los jóvenes de hierro que leen a Cortázar y a Parra, tal como los leí yo y como intento seguir leyéndolos. Me conmueven los jóvenes que se duermen con un libro debajo de la cabeza. Un libro es la mejor almohada que existe.
(R. Bolaño)
quarta-feira, junho 27, 2018
Da visita
abismo da saudade
abismos da solidão
abismos da memória
memórias num abismo e saudades abissais
repouso,
os olhos pedem abraços
e a pele um toque, um beijo
sábado, junho 23, 2018
como leitores
fugitivos
desertores
drifters
daydreamers
trotamundos
vagamundos
lectores
readers
leitores
sobre as praias de nossa ignorância
e face ao mar
el mar
¡El mar! con su baba y con su epilepsia.
sexta-feira, junho 22, 2018
assombrado
habitado por amigos e livros
e por faltas
habitado por canções
e por fantasmas
habitado por desejos
e por abismos
habitado por filmes
habitado por imagens
e por monstros de papel
habitado por silêncios
e ruídos
habitado por Remédios Varo
(tudo que se pode dizer é mentira)
domingo, junho 17, 2018
one autumn's night 1985
Para Mario Papasquiaro (foto)
Uma vez:
te chamei pro cinema
vc me convidou pruma pizza
te ofereci uma caipirinha
vc me retribuiu com histórias
da Casa de Barro
estórias de móveis partidos
histórias de camas partidas
compartilhamos risadas
e a lua
e um par de cervejas
Vc me chamou pra dar uma volta na Roosevelt
me convidou pra subir
eu queria dançar
Vc me ofereceu chá, seu mais lindo Luar
Lunar lunares
Fiquei pro café da manhã.
Como um poema escrito num muro,
me fez tão bem
Uma vez:
te chamei pro cinema
vc me convidou pruma pizza
te ofereci uma caipirinha
vc me retribuiu com histórias
da Casa de Barro
estórias de móveis partidos
histórias de camas partidas
compartilhamos risadas
e a lua
e um par de cervejas
Vc me chamou pra dar uma volta na Roosevelt
me convidou pra subir
eu queria dançar
Vc me ofereceu chá, seu mais lindo Luar
Lunar lunares
Fiquei pro café da manhã.
Como um poema escrito num muro,
me fez tão bem
segunda-feira, junho 11, 2018
quarta-feira, junho 06, 2018
Sonhos musicais
(por Remedios Varo)
Você em mim ecoa
Minha cabeça trovoa
Lunar lunares
Tenho dislexia poética
Seletiva
Fora de órbita
Você em mim ecoa
Minha cabeça trovoa
Lunar lunares
Tenho dislexia poética
Seletiva
Fora de órbita
domingo, maio 27, 2018
As mil tias Maria
(Manifestación - de Antonio Berni)
Tia Maria era uma daquelas pessoas que Cernuda chamava de "Una pausa de amor entre la fuga de las cosas". Foi nossa matriarca, Úrsula de Ubajara. Tia acolhedora, tia mãezinha, tia avó, da risada infantil, tia de brilho e brio no olhar, tia do abraço apertado, tia da consolação, tia das histórias, tia valente, corajosa e resistente.
segunda-feira, abril 30, 2018
¿Somos todos perros románticos?
(Imagem por Carl Friederich Claus)
"As ideias perturbam a regularidade da vida"
Para Susan Sontag
E a imagem não satisfaz, nossa necessidade demasiadamente humana, nossa necessidade de evadir, viajar, experimentar o que em sã consciência não experimentaríamos. Assim continuamos obrigados a condicionar as manifestações de nossos desejos (alguns dizem espirito) as circunstancias mutáveis da vida. Talvez nossa única essência seja a de sujeitos constituídos pela falta. Uma falta o um desejo por vezes inominável. Somos cães românticos? Detetives e buscamos algo que está sempre mais além? Buscamos pistas falsas.
Crises
O fragmento e o inacabado também são formas de nossos acidentes diários. Nossas palavras à beira do abismo, nossas feridas e faltas formam nosso eu e formam o outro.
domingo, fevereiro 18, 2018
Notas sobre o Domingo
Israel Barrón (ilustração)
para meus melhores amigos
Muitos se afligem neste dia. Dia sem trabalho pra muitos, que só veem sentido na vida trabalhando. Outros preenchem o dia consagrado com muito barulho, tampouco trabalham no dia do descanso. Talvez não suportem o rumor dos Outros, o rumor da saudade, o rumor da (invenção) da solidão, o rumor do silêncio, ou o rumor da cidade. Será que o rumor do silêncio amedronta mais que o mistério da morte?
domingo, janeiro 28, 2018
Sortilegios:
Para la enamorada del viento Alejandra Pizarnik
Quiero anochecer la casa del
lenguaje
dominar el silencio
no tiene sentido
quiero anochecer echizante
no tiene destino
en un ir y venir
tengo miedo
sin destino
sin sentido
las palabras y las promesas
(todo lo que se puede decir es
mentira)
por Alcides F.
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