sábado, março 29, 2008

sexta-feira, março 28, 2008

O que fica da cinza das horas?

Fica as cinzas
Fica as horas
Fica o outro
Fica os outros

Fica o bobo
Fica a máscara
Fica o outro
Fica os outros

quinta-feira, março 27, 2008

O Silêncio



"Na sombra cúmplice do quarto,

Ao contato das minhas mãos lentas

A substância da tua carne

Era a mesma que a do silêncio

Do silêncio musical, cheio

De sentido místico e grave

Ferindo a alma de um enleio

Mortalmente agudo e suave

Ah, tão suave e tão agudo!

Parecia que a morte vinha...

Era o silêncio que diz tudo

O que a intuição mal adivinha.

É o silêncio da tua carne.

Da tua carne de âmbar nua,

Quase a espiritualizar-se

Na aspiração de mais ternura"

BANDEIRA

quarta-feira, março 26, 2008

O resto é silêncio

"Quer pintar? Então comece cortando a língua, pois a partir de agora você só deve se exprimir com seus pincéis"


MATISSE

segunda-feira, março 24, 2008

Quase Crônicas

As crianças da fronteira entre Paraguai e Brasil vem, falando guarani, aprender o português por um prato de feijão.

Mas e o Haiti? Ah, o Haiti... Onde fica mesmo? Não importa. Todo o mundo é mais importante que o Haiti. Mas não é o Brasil que comanda o programa de pacificação lá? Será? Como? Como consegue tomar conta de outro país? E o que acontece com o Haiti? Tem petróleo lá? Ou o conflito é étnico? Tem muito preto no Haiti? Ah... O Haiti, eu sei que se fala francês lá. Chique né? Onde fica o Haiti mesmo?

A lua
A contingência do ser humano traduz-se em lirismo. A luz na mão de Fellini clareia a infância que, por ser tão íntima, é a puerilidade de todos. Um poeta em seus filmes é a metáfora de criança. Fellini, um narrador de sonhos que nunca se faz notar, ao mesmo tempo tão singular e melancólico. Quando conta o sonho, nos tornamos parte dele. O expectador nunca saiu ileso de seus filmes. Ah! E a lua estava mais bela que nunca.

quinta-feira, março 20, 2008

Pedestre Desvio (iluminuras)



"As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras".

NIETZSCHE




Câncer tem cinco letras. Ele observa uma menina de passos indecisos. Toda torta. Tudo parece indeciso nela. Linda e torta. Mas sofrer de câncer é muito pior.


Nos bares, a maioria é feita de homens, tomam sua cervejinha, evitando o tumulto das seis na cidade mais inchada da América Latina... Aliás, com o nome do continente dá pra se escrever cancer (sem acento) - é só dobrar o cê. Sobra um monte de letras. Dá até pra escrever Amelia, Anita, mas só se pegar o ene emprestado de câncer. Será que a moça torta, indecisa e sorridente chama-se Anita.

Aninha, tão linda e sem jeito passa pelas calçadas, driblando sem querer os pedestres. Talvez ela quisesse mesmo era trombar. Sentir-se uma igual, mas não especial. Às vezes alguém esbarra, mas fica todo desajeitado, embaraçado pede desculpas. Mas se trombam a culpa é sua.

Ele continua atento. Acha que ela não queria ter nascido daquele jeito. Acha que tão difícil quanto o câncer é ser diferente. Continua a espreitar Anita que some num desvio da avenida principal.


quarta-feira, março 19, 2008

Imagem é tudo

"China's handling of the Tibet issue is being watched closely by world leaders in the run-up to the Beijing Olympics.

Officials said on Wednesday that the Olympic torch - which will be carried across China ahead of the Games - will still go through Tibet despite the current troubles".

An excerpt from today's article Protesters 'surrender in Tibet' on http://news.bbc.co.uk/2/hi/asia-pacific/7304144.stm

11/12

Absorver imagens. Transformar o mundo em metáfora e transcrever a consciência e o subconsciente das almas. As peculiaridades do ser humano podem ser problematizadas e muitas vezes questionadas por meio único e exclusivo da linguagem. Talvez seja esta a razão da literatura. Talvez também seja a melhor maneira de conhecermos a nós mesmos.

terça-feira, março 18, 2008

Desvio


O mesmo, o outro
penso a limpo

e trato tudo como se fosse acidente

sempre esperando o pior


inferno e caos
porque amor e liberdade nunca vencem


só espero achar um lugar melhor
ou um jeito melhor de desistir

preso em minha própria teia

você sempre me avisava

mas eu não sei ouvir


A vida, uma sucessão de equívocos

a poesia, uma maneira de problematizá-los


De pneu, faço um balanço
meu menino brinca, eu estendo as roupas

A praça amanhece

segunda-feira, março 17, 2008

desabafo


A vida, uma sucessão de equívocos
A literatura, uma maneira de problematizá-los
De pneu, faço um balanço
Meu menino brinca
Eu estendo roupas
A desgraça amanhece

sábado, março 01, 2008

Earthly delights


Vazio, desconectado, a figura que se vê é uma sombra funda. Tudo parece revolver a poeira. O passado uma poeira subsahariana. A mulher se arrasta, um homem a acompanha. A vida naquele lugar é feita de sacrifícios.