terça-feira, junho 27, 2023

Leminskiando




" nunca mais vai ter um dia como em petrogrado aquele dia

nada como um dia indo atrás de outro vindo

você e eu sonhando e dormindo"

comprei Toda Poesia de Leminski hoje. novinho em folha por 42 reais no saldão da Martins Fontes da paulista. tomei dois cafés numa lanchonete ao lado da livraria enquanto lia um pouco e desfrutava Leminski. 


"O olho da rua vê

o que não vê o seu.

Você, vendo os outros, pensa que sou eu?

Ou tudo que teu olho vê

você pensa que é você?" 

desfrutava de sua poética com café, leite, açúcar e afeto.

sexta-feira, abril 07, 2023

Lendo Walter Benjamin Experiência e pobreza (1933)

 Falhamos em transmitir nossa experiência. Ou talvez já não haja possibilidade de transmiti-la de nenhuma forma. O fato é que nesse interim surgiram artistas com poder de intervenção que constroem suas obras com poucos recursos e sem nostalgia. É gente com uma desilusão radical frente ao contemporâneo mas ao mesmo tempo uma fidelidade sem reservas a ele.

segunda-feira, fevereiro 13, 2023

Orfãos voluntários e involuntários

 poetas em transe

poesia em trânsito

e as horas

e os abismos

e os orfãos do desastre

sexta-feira, fevereiro 10, 2023

ontem tive um pesadêlo talvez por causa do terremoto e das mortes na Síria e na Turquia. E me lembrei desse poema sem título.

 Escribe sobre las viudas las abandonadas,

las viejas, las inválidas, las locas.

Detrás de las Grandes Guerras y los Grandes Negocios

que conmueven al mundo están ellas.

Viviendo al día, pidiendo dinero prestado,

estudiando las pequeñas manchas rojas

de nuestras ciudades

    de nuestros deportes

        de nuestras canciones.

ROBERTO BOLAÑO

terça-feira, dezembro 20, 2022

Y cada instante es mejor y menos importante

 En la sala de lectura del infierno...


sábado, dezembro 10, 2022

diabo querendo ser santo






 tenho andado tanto

diabo querendo ser santo


Tinha uma frase interessante ou um enredo na mente pra começar a escrever um conto. Mas me esqueci talvez por causa do trânsito, talvez por causa do celular e da plataforma de música, ou talvez seja porque a ideia não era tão boa assim.


agora sei que o coração

é um cão de rua


Acho que me perdi depois de ler esses dois versos de Ana Martins Marques. Ou talvez a culpa foi da cidade que eu via através da janela do ônibus. Ou talvez fosse o céu dessa cidade e suas nuvens baixas. Talvez a culpa fosse de todos os poetas que já li. Ou melhor, talvez a culpa fosse de Padilha, Amalfitano e de Roberto Bolaño.


sábado, novembro 19, 2022

Diálogo entre Pierre Pain e Monsieur Rivette


 


—Tal vez sea mi borrachera pero esta noche huele a algo raro.

—Cada noche tiene un olor diferente, querido amigo, de lo contrario sería insoportable.

Creo que debería meterse en la cama.

—Pero el olor de esta noche es especial, es como si algo se estuviera moviendo por las

calles, algo impreciso, que conozco, pero que no consigo recordar qué es.

—Váyase a la cama. Duerma. Apacigüe su espíritu.

—El olor me seguirá hasta allí.


(Monsieur Pain - Roberto Bolaño)

sexta-feira, outubro 21, 2022

Iluminações profanas


 


Adoro a noite

e também a antena da UNIP

adoro o latido singular no horizonte

e também a antena da Gazeta

adoro o ruidoso silêncio noturno da cidade

também adoro Marte reluzente

e adoro a Lua cheia e a minguante

mas sobretudo a cidade cintilante

(Alchelas)

domingo, outubro 16, 2022

1857

 





“O mundo aparente é um tropel de percepções transtornadas”

Borges - Examen de metáforas


Nó geológico

a pegadinha de Deus

o umbigo de Adão

a idade da Terra

Deus espreita nos intervalos


(diante da idade da Terra os homens foram “criados” ontem)


Alchelas Mirabismo


“En 1857, una discordia preocupaba a los hombres. El Génesis atribuía seis días —seis días hebreos inequívocos, de ocaso a ocaso— a la creación divina del mundo; los paleontólogos impiadosamente exigían enormes acumulaciones de tiempo.” Borges - La creación y P. H. Gosse



Reunião

Soul

máquina desejante 

produzo

máquina de sentir

meu modo de ser não me traduz

as paixões tristes têm seu lugar

lugar de sentir

libero minhas associações

meu descompasso contingente

 

domingo, janeiro 30, 2022

CIELO E INFIERNO

 La lluvia derramaba

la madrugada

verso tras verso

el aburrimiento nublado de este domingo

se oye a los perros y a los coches 

desde mi cama


(Alchelas)

sábado, agosto 07, 2021

La cosnpiración de los necios

Juntémonos en tu casa el sábado.
Sí: tiremos cualquier cosa a las brasas-
auque sea un hombre:
sí: volvámonos caníbales 
eso da prestigio y fama 
eso hace que uno deje un trazo
como hace el caracol sobre la tierra 
si es que la Tierra es algo.
No todos podemos ser próceres piadosos.
Juntémonos en tu casa el sábado.
Sí: fumemos bastante; fumemos de todo;
fumémonos el todo: hasta que nos de cáncer 
el cáncer sí que es Creacionista 
ahora mismo está haciendo que se pudra
la rosa en este problema.

ÁNGEL ESCOBAR

segunda-feira, julho 19, 2021

Água viva

Enovelo de palavras. Música de improviso Fluxo cheio de sons, signos e sentidos. Orgia de palavras. Exercício de vida sem planejamento. Fluxo de vida animalesca, vegetal, mineral vibrante e continua ao mesmo tempo. Palavra truculentamente viva. 

terça-feira, julho 13, 2021

A literatura e os espaços urbanos

 Se a protagonista do seu romance favorito perambula pela cidade onde vive isso quer dizer muita coisa. Talvez os signos da cidade descrevam a personalidade dela ou seus anseios e ambições, por exemplo. Dizem que nada está por acaso em uma narrativa bem escrita.

Preciso me ocupar sobre este assunto nos próximos meses pois fui convidado a falar sobre o tema. Sei por onde começar mas ainda não sei o que ler para desenvolver melhor o assunto e aceito sugestões. Vou falar sobre um romance curto do autor  chileno Roberto Bolaño que se passa na Cidade do México. Amuleto, esse é o nome do romance, conta de maneira pouco convencional a história de Auxilio Lacouture, uma uruguaia emigrada que vive no DF, uma personagem de certa forma transformada em lenda viva por suas experiências e suas andanças.

O fato de haver uma pessoa na vida real na qual a protagonista foi inspirada deve interferir na minha leitura e nas configurações e representações da cidade no texto?

terça-feira, julho 06, 2021

Noturno de Sampa

 A noite flui pelas ruas,

a noite e suas promessas.

quarta-feira, junho 09, 2021

Verbete da saudade:


das coisas que deixei pelo caminho

dos versos que me morderam

da prosa que me mata


quinta-feira, junho 03, 2021

 


o sorriso e a alegria tornaram-se profanações

a morte e a fome batem à nossa porta

o medo nos cristaliza como disse o poeta

pandemias galopantes


quarta-feira, junho 02, 2021



Serotonina e dopamina

substantivos conhecidos 

desde meus vinte poucos anos,

que desgraça ser gauche na vida.


No dna meus fantasmas:

meus ancestrais me acolhem,

me assustam de tempos em tempos,

meus amigos, meus livros e palavras essenciais me possuem.


Melancolias e mercadorias me espreitam,

ecos de meus poetas favoritos.

Veja como são as coisas.


quinta-feira, maio 27, 2021

Estética da devastação

A incerteza de pelo menos dois focos narrativos junta-se a melancolia do clima e das paisagens de Santa Maria. Juan Villoro chama de estética da devastação aos contos e o estilo onetiano de contar suas narrativas breves. Acho que esta estética está em toda obra e nas cores das personagens e párias dos romances de Juan Carlos Onetti.