terça-feira, agosto 01, 2023
Assombrado por minhas leituras me aventuro em algumas linhas de solidão e reflexão. Mas é difícil me concentrar com tantos estímulos a um clic de distância. Na sala a tv está sempre alta. Meu pai está assistindo novela e mexendo no celular. Melhor deixar esta tarefa pra uma hora mais calma da madrugada ou da manhã seguinte. Acabei de ler A mais recôndita memória dos homens de Mohamed Mbougar Sarr. Um livro buraco negro - que engole tudo ao seu redor como nos filmes de ficção científica. Um grande livro que fala de nada e, no entanto, tudo está lá, como diz uma de suas personagens. Um livro cuja força motriz está na sua estrutura e em sua polifonia. Uma miríade de personagens conta a história de um cultuado e obscuro escritor que causou furor no sistema literário francês no final dos anos 30. T.C. Elimane, um autor senegalês, o Rimbaud negro, como alcunha um crítico na época, e seu mítico livro O laberinto do inumano tornam-se as obssessões de outro escritor senegalês, jovem promessa da literatura francófona segundo os críticos e principal narrador dessa história que de uma certa forma presta homenagens aos Detetives selvagens e a um escritor africano de fato Yambo Ouologuem ao qual o romance é dedicado. Dizem que poderíamos rotulá-lo como um romance de formação. Eu não sei se concordo com isso.
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