terça-feira, outubro 30, 2018
As últimas semanas do mundo
O velho diabo no ponto de ônibus, noturno
Estrela distante
A moça que lê no café Art poetique tão matutina
(às vezes se prefere a dúvida `a resposta, se prefere o som ao seu significado)
Quem nunca cantou embromation quando criança não teve infância
Há mais metafísica entre o céu e a terra do que sonha nossa vã psicanálise
quarta-feira, outubro 24, 2018
Seres mágicos
Para Claudia R. Sarah V. & Monalisa - seres mágicos
Era uma daquelas manhãs que parecem suspensas no ar quando Alice abriu a janela de seu quarto. O sabiá sabiava, a moto passava, o ônibus brecava e um gato miava. O cachorro latiu. Foi aí que ela correu nua em direção ao banheiro e chuá no chuveiro. Então se deu conta que já não havia seres mágicos. Alice chorou, chuá, chuveiro e a cidade se inundou.
sábado, outubro 20, 2018
Amorous
el ruído de la calle me aburre tal cual el de la tele
hora de poner a C.P. a hacer su magia
(todavía hay seres mágicos)
pa' que vuelvan los agujeros
pa' que vuelvan a Jhony Carter y el cuarto de hora en 2 minutos
pa' que se escuche otras vez a Dylan Thomas and Dizzy
desde mi ventana: la última noche del mundo
desde Cambuci hacia Chapultepec
las luces más bonitas del mundo
terça-feira, outubro 16, 2018
lhe procuro nos algorítimos da memória inventada
seu gosto remonta amor
tudo tinha ruído
seus carinhos saboreados
minhas mãos torpes
& cigarrettes after sex: apocalypse
seu sonho velado
la última noche del mundo
minha madrugada insone
seu perfume
minhas dúvidas
seu castañeda
minhas dividas
suas gravuras e fotos na parede
minha melancolía
sua calcinha
seu café & seu brigadeiro
os filmes que não assisti ao seu lado
exercícios de memória fatiando lembranças aqui
meu fio da memória
(tudo que se pode dizer é mentira)
domingo, outubro 14, 2018
Onde se fala de gatos e de homens (Manuel António Pina)
"Os meus gatos dormem durante a maior parte do dia (e, obviamente, durante a noite toda). Suspeito que os gatos têm um segredo, que conhecem uma porta para um mundo coincidente e feliz, por onde só se passa sonhando. Um mundo criado como Deus terá criado o nosso humano mundo, à sua desmesurada imagem. Porque os que sonham são deuses criadores. Os gatos sonham dormindo, os homens sonham fazendo perguntas e procurando respostas.
Mas os meus gatos dormem e sonham porque não têm fome. Teriam, se precisassem de procurar comida, tempo para sonhar? Acontece talvez assim com os homens. Como se o espírito criador fosse, afinal, prisioneiro do estômago. Talvez, então, a mesquinhez de propósitos da nossa vida colectiva radique, como nos querem fazer crer, no défice, e talvez o cumprimento das normas do pacto de estabilidade seja o único sonho que nos é hoje permitido.
E, contudo, dir-se-ia (e isto é algo que escapa aos economistas) que é o sonho, mais do que a balança de pagamentos, que alimenta a vida, e que os povos, como os homens, precisam de mais do que de números. Os próprios números têm (os economistas não o sabem porque a sua ciência dos números é uma ciência de escravos) o poder desrazoável de, não apenas repetir, mas sonhar o mundo.
Há anos que somos governados por economistas e o resultado está à vista. Talvez seja chegada a altura de ser a política (e o sonho) a dirigir a economia e não a economia a dirigir a política. Jesus Cristo «não sabia nada de finanças, / nem consta que tivesse biblioteca», e o seu sonho, no entanto, continua a mover o mundo." (Manuel António Pina)
sábado, outubro 13, 2018
sexta-feira, outubro 12, 2018
Passarão? (técnicas para afastar o sofrimento)
Sempre tive pena e inveja de passarinho. Pena pois poucos conseguem abrigos diante das chuvas, pensava eu na minha infantiligência. Inveja porque eles voam quando querem, ou melhor, flutuam no desafio do azul e outros se arremessam no buraco da escuridão.
quarta-feira, outubro 10, 2018
domingo, outubro 07, 2018
Semiologia I (para Barthes & Bolaño com afeto)
(pic. by Quint Buchholz)
Literatura, uma miragem
nós discípulos caminhamos
mirando os textos e ao mesmo tempo nos afastando deles
de costas caminhamos
entrevendo as partes mais eróticas do texto
lá onde o vestuário se entreabre
em sua intermitência
quando a pele bruxuleia entre duas peças
tremula entre as calças e a malha
literatura
(des)viada
invertida
palco do jogo de palavras
teatro dos sentidos sem sentido
literatura, destino
(Alchistes Mirabismo)
Literatura, uma miragem
nós discípulos caminhamos
mirando os textos e ao mesmo tempo nos afastando deles
de costas caminhamos
entrevendo as partes mais eróticas do texto
lá onde o vestuário se entreabre
em sua intermitência
quando a pele bruxuleia entre duas peças
tremula entre as calças e a malha
literatura
(des)viada
invertida
palco do jogo de palavras
teatro dos sentidos sem sentido
literatura, destino
(Alchistes Mirabismo)
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