quarta-feira, outubro 27, 2010

Sobre as intermitências da morte (ou sobre os sujeitos)


"Pisa o lixo das ruas, ladeia os caixotes virados, debaixo dos pés rangem vidros partidos, só faltou que tivessem atirado os velhos pelas janelas com o manequim, não é assim tão grande a diferença, a partir de certa idade nem nos governa a cabeça nem as pernas sabem aonde hão de levar-nos, no fim somos como as criancinhas, inermes, mas a mãe está morta, não podemos voltar a ela, ao princípio, àquele nada que esteve antes do princípio, o nada é verdade que existe, é o antes, não é depois de mortos que entramos no nada, do nada, sim, viemos, foi pelo não ser que começamos, e mortos, quando o estivermos, seremos dispersos, sem consciência mas existindo. Todos tivemos pai e mãe, mas somos filhos do acaso e da necessidade, seja o que for que esta frase signifique, pensou-a Ricardo Reis, ele que a explique".
O ano da morte de Ricardo Reis
SARAMAGO

Hoje na sala de aula se falou sobre Los funerales de la mamá grande mas eu perdi, tampouco havia lido, sequer estou matriculado nessa matéria mas fiquei pensando sobre o sujeito Gabriel Garcia Marques, nosotros, Kirchner, Monsivais, Saramago e Margarida.

http://www.pagina12.com.ar/diario/ultimas/index.html

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